Prof. Dr. Argemiro
Luís Brum
24/12/2015
“Nada é tão ruim que não
possa piorar”. Estes últimos dias de dezembro são pródigos em confirmar tal
ditado na área econômica brasileira. Assistimos a perda do grau de investimento
junto a mais uma agência de risco (Fitch), a qual elimina de vez a
possibilidade da entrada de recursos financeiros externos oriundos de boa parte
dos grandes fundos e investidores internacionais. É a segunda agência que nos
rebaixa neste ano, enquanto a terceira (Moody´s) deverá fazê-lo proximamente.
Isso provoca uma oferta menor de dólares no país, causando desvalorização do
Real. E esta é sinônimo de mais inflação. Para conter a constante alta dos
preços, um aumento da Selic para 2016 já é cogitado, havendo a possibilidade de
a mesma terminar o novo ano ao redor de 16,5% a 17%. Paralelamente, os EUA
acabaram elevando sua taxa básica de juros. Isso tende a atrair mais dólares
para a economia norte-americana, provocando ainda mais saída desta moeda dos
países emergentes como o Brasil. Mas a gota d´água que faltava para transbordar
o copo da crise, por enquanto, veio da área política, com a troca do Ministro
da Fazenda brasileiro. Não pela saída do então ministro Joaquim Levy, que
acabou sendo “fritado” pela ala desenvolvimentista “a qualquer preço” do
governo. O que preocupa é a escolha do novo ministro. O Sr. Nelson Barbosa foi
um dos que jogou contra as medidas de ajustes propostas pelo seu antecessor,
quando estava no Planejamento. Por oito longos anos, e particularmente nos
quatro anos do primeiro mandato da presidente Dilma, assessorou o Ministro
Mantega no Ministério da Fazenda, ajudando a causar o estrago econômico que
vivemos e do qual o povo está pagando esta salgada conta. Salvo uma surpresa,
não se pode esperar ajustes profundos na economia nacional com o retorno deste
desenvolvimentismo no comando da economia nacional. Os primeiros discursos do
novo ministro tentam desfazer este receio, ao afirmarem que o controle fiscal é
prioritário. Ora, se é assim, porque nunca apoiou as propostas realizadas pelo
seu antecessor durante todo este ano de 2015? O sentimento é que o governo
central volta a pensar em eleições, agora tentando ludibriar o povo para 2018.
Assim, se a opção for continuar a gastar mais do que o Estado arrecada, visando
gerar uma recuperação na economia a qualquer custo, o atual desastre econômico
se prolongará por muitos anos. Como o objetivo não será conter despesas, o
aumento de impostos será ainda maior daqui em diante. Não é por nada
que o Congresso, outro ente omisso às necessidades econômicas do país, acaba de
aprovar o Orçamento para 2016 com a inclusão da CPMF a partir de setembro/16.
Diante deste quadro, estão certos os que enviam votos de “Feliz 2019” para seus clientes e
familiares neste final de mais um ano perdido.