Prof. Dr. Argemiro
Luís Brum
31/12/2015
Não é novidade que as perspectivas para o novo
ano que se inicia são as piores possíveis em termos econômicos. Se continuar
como está, 2016 será pior do que 2015, pelas diversas razões expostas nas
últimas semanas, inclusive neste espaço. Todavia, esse quadro poderá ser “menos
ruim” no próximo ano se algumas ações acontecerem na condução de nossa política
e economia. Em primeiro lugar, o novo ministro da Fazenda precisará deixar de
lado o desenvolvimentismo intervencionista (prática que defendeu por longos
anos) e agir com responsabilidade, realizando um aprofundamento consistente do
ajuste fiscal timidamente iniciado. O superávit primário, nesse caso, é fundamental,
inclusive para recuperar um mínimo de credibilidade interna e externa. Em
segundo lugar, que o processo de impedimento da presidente Dilma, qualquer que
seja o resultado, não se arraste até o meio do ano, engessando o executivo e o
legislativo em torno desta questão, e impedindo aprovação de medidas urgentes
visando sanear a economia. Em terceiro lugar, que o executivo não ceda às
pressões irresponsáveis de alguns sindicatos e do próprio comando do Partido
dos Trabalhadores, que continuam defendendo um Estado que gaste sem limites,
fato que nos trouxe até a atual crise, uma das maiores vivida pelo país em
praticamente um século. Em quarto lugar, que o executivo federal, assim como os
estaduais, não caia na tentação de afrouxar a chamada “lei de responsabilidade
fiscal”, pois isso seria avalizar a gastança pública sem controle, algo que a
sociedade brasileira vem agora pagando com seus empregos e corrosão de seus
salários. Em quinto lugar, que a sociedade brasileira finalmente compreenda a
necessidade de apertar o cinto, e que o ajuste fiscal e as reformas
estruturais, a começar pela previdenciária e tributária, sejam realizadas para
o país sair da crise em que, por incompetência gerencial pública, foi colocado.
Em sexto lugar, que os investimentos retornem rapidamente, porém, sobre uma
base sólida e não a partir de programas eleitoreiros insustentáveis como os
realizados nos últimos tempos. Enfim, que o país saia do marasmo absoluto nas
relações internacionais e abra seus horizontes em busca de maior comércio
internacional pela qualidade e competitividade de nossos produtos, via aumento
da eficiência produtiva de nossa mão de obra e de nossos bens de capital, e não
fique apenas dependendo do câmbio para vender mais ao exterior. Há muito mais a
ser feito, pois o tamanho do problema exige uma lista enorme de ações, mas se
começarmos por estes pontos, em 2016,
a crise poderá ficar menor e os sinais de recuperação,
já para 2017, poderão se tornar realidade concreta. Caso contrário,
continuaremos afundando, pagando para sustentar um Estado perdulário e
ineficiente, cujo governo nem mesmo foi capaz de impedir o retorno de doenças
provocadas por um mosquito, que estão literalmente matando brasileiros, as
quais já estavam erradicadas na distante década de 1960.