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segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

A SELIC E O BRASIL DE 2016 (Final)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
03/12/2015


Como afirmamos no comentário anterior, igualmente existem aqueles que ganham com o aumento da Selic e a elevação dos demais juros na economia. Dentre eles encontramos as pessoas e empresas que possuem poupança. Estas, ao aplicarem seu dinheiro nos diferentes fundos de investimento ofertados pelos bancos, geralmente estão ganhando um rendimento acima da inflação, pois os mesmos acompanham proporcionalmente as altas da Selic. Algumas aplicações são ainda mais interessantes, pois isentas de impostos. Parte do enorme volume de retiradas da tradicional caderneta de poupança tem essa causa. O poupador percebeu que a dita poupança tem uma perda real elevada em seu rendimento, devido à alta inflação, e migra para essas demais aplicações, mais rentáveis. O problema é que isso não gera produção, emprego, e sim apenas ganhos financeiros, favorecendo particularmente aos bancos que, em plena crise nacional, registram lucros elevados a cada trimestre. Essa é uma peça no crítico xadrez econômico nacional. Adicionando a mesma às demais peças, temos que, no atual quadro político-econômico nacional, que não permitiu a realização do ajuste fiscal e das reformas estruturais mais urgentes até agora, o contexto econômico para 2016 se desenha pior do que foi o ano de 2015. Ou seja, quando se esperava uma estabilização da crise e até um início de recuperação, mesmo que lenta, para o final do próximo ano, a incapacidade de realizarmos o dever de casa, jogou a possibilidade de uma saída de crise para 2017 e, se não cuidarmos, ainda para mais longe. Nesse sentido, não se vislumbra recuperação econômica para o próximo ano. Ou seja, uma recuperação sustentável da economia irá demorar muito e, quando se iniciar, será lenta. O Brasil não construiu as condições, ainda, para isso e, pelo que se vê, está longe de fazê-lo. A sociedade brasileira demora em compreender a realidade em que está, enquanto as instâncias de governo federal se mostram despreparadas, com forte viés soldado por interesses particulares, para realizar as mudanças profundas de que necessitamos. Dessa forma, a população deverá continuar a apertar o cinto, realizando apenas os gastos necessários e saindo das dívidas mais pesadas e dos juros mais elevados. Se possível poupar alguma coisa para os dias piores que ainda poderão vir. Deverá reestruturar sua composição de gastos em relação a suas receitas, especialmente em um ambiente onde o desemprego geral tende a aumentar. Dito de outra forma, devemos esperar um longo período de dificuldades econômicas, com o agravante de que perdemos todo o ano de 2015. O máximo que se observou foi uma relativa tomada de consciência de que o ajuste fiscal e as reformas estruturais são imprescindíveis para o país iniciar um processo de recuperação econômica. O problema é ultrapassar as barreiras para transformar tal tomada de consciência em ações concretas de encaminhamento de soluções, mesmo que as mesmas sejam doloridas, como o serão. Não há como fazer omelete sem quebrar ovos. E quanto mais demorarmos na feitura de tal omelete, pior as coisas ficarão.

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