Argemiro Luís Brum
11/04/2019
No comentário passado analisamos a evolução do
preço da soja e de seus três principais componentes: Bolsa de Chicago, câmbio e
prêmio nos portos. Agora, vejamos a tendência para este preço para os próximos
meses, tendo por base o balcão gaúcho. Em termos de cotações em Chicago há uma
estabilidade muito grande em torno dos US$ 9,00/bushel. Considerando que a
safra sul-americana está praticamente garantida, faltando a colheita da
Argentina, e que o volume total foi melhor do que o do ano anterior, o mercado
se volta agora para o comportamento climático nos EUA, às vésperas de um novo
plantio naquele país. Assim, entre maio e setembro entramos no chamado mercado
do clima estadunidense. Se confirmando a redução de 5% na área semeada com
soja, qualquer problema climático no Meio Oeste norte-americano tenderá a
elevar as cotações em Chicago, melhorando os preços no Brasil. Por outro lado,
em o clima sendo normal teremos uma nova safra cheia com pressão baixista sobre
Chicago. Lembramos que o relatório definitivo sobre a área plantada será
divulgado no último dia útil de junho próximo. Neste contexto, ainda temos que
considerar o movimento dos Fundos especulativos na Bolsa, os quais dependem
muito do comportamento do juro básico estadunidense. Este subindo, os Fundos
diminuem sua presença em Chicago, exercendo pressão baixista sobre as cotações.
Quanto ao câmbio no Brasil, o balizador será a evolução da Reforma da
Previdência. Se a mesma avançar para a aprovação, sem muitos cortes feitos pelo
Congresso, o mercado estabilizará e o Real poderá voltar ao patamar entre R$
3,60 e R$ 3,70 por dólar. Neste caso, os preços da soja nacional recuam. Se o
cenário político não melhorar e a Reforma pouco avançar, o câmbio continuará
pressionando para cima os preços da soja no Brasil, embora tal comportamento
venha a encarecer mais uma vez o futuro plantio. Neste momento, a evolução da
Reforma ainda é uma incerteza. Enfim, quanto aos prêmios nos portos, os mesmos
entraram na normalidade, já absorvendo um possível acordo comercial entre EUA e
China, após mais de um ano de litígio. Assim, tais prêmios deverão melhorar um
pouco apenas na entressafra nacional. A surpresa positiva para nós será caso um
acordo sino-estadunidense não ocorrer e a China venha novamente a bloquear as
compras de soja dos EUA. Hoje, não parece haver espaço para isso. Em tal quadro
geral, por enquanto, em condições normais, o mercado de balcão no Rio Grande do
Sul deverá se manter entre R$ 65,00 e R$ 75,00/saco. Tais níveis de preço podem
melhorar a partir de junho caso algum dos elementos altistas citados vier a
ocorrer. Afora isso, a média final do ano tende a ficar menor do que a
registrada em 2018. Obviamente, trata-se de uma tendência e não de uma certeza,
porque esta ninguém tem.