Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
21/11/2013
Existe uma
situação complexa no cenário mundial quanto a saída da atual crise
econômico-financeira iniciada em 2007/08. De um lado, os EUA dão mostras de
começar a se recuperar, embora ainda de forma lenta, fato que, paradoxalmente,
preocupa o mundo emergente, e nesse caso particularmente o Brasil, porque isso
representa a retirada do apoio mensal estatal de US$ 85 bilhões que o Banco
Central estadunidense vem dando à sua economia. Como parte deste dinheiro acaba
irrigando a economia mundial, isso significa que a liquidez internacional de
dólares, mesmo que especulativos, irá diminuir. Com isso, países como o Brasil
terão menos entrada da moeda norte-americana. Como tal quadro deve se iniciar
nos próximos meses, é de se esperar maior desvalorização do Real, podendo muito
bem nossa moeda ultrapassar os R$ 2,40 por dólar em 2014 e não mais ficar na
paridade aceitável de R$ 2,15
a R$ 2,25, apesar dos esforços do Banco Central
brasileiro. Isso significa, por tabela, maior pressão inflacionária no Brasil
se nada for feito para compensar tal movimento cambial. De outro lado, a Europa
ainda se encontra em situação perigosa, assim como as finanças mundiais.
Segundo o ex-presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, novas
bolhas financeiras estão se formando. Isso porque, apesar das atividades
especulativas dos bancos terem diminuído, a regulamentação do setor financeiro
internacional não ocorreu, pois os países não entraram em acordo sobre como
executar tal processo. Assim, “o setor financeiro paralelo continua prosperando
e o risco sistêmico permanece”. Torna-se, portanto, urgente que o fôlego
oferecido pelos Bancos Centrais à economia mundial, na medida em que, desde
2009, vêm financiando a um alto custo a saída da crise, seja aproveitado pelos
setores público e privado dos diferentes países para colocarem suas finanças em
ordem (orçamento, reformas estruturais, regras prudenciais, controle de
riscos). “Caso contrário, o período presente somente terá servido para preparar
a próxima crise”, alerta Trichet. A prova de que a situação financeira e
econômica continua perigosa nos vem da amplitude das ações adotadas pelos
diferentes Bancos Centrais, dos países desenvolvidos, para administrar a crise
e suas repercussões. Antes da crise, tais atitudes eram inimagináveis. O
problema é que, olhando ao nosso redor, a maioria dos demais países, inclusive
o Brasil, pouco tem feito para efetivamente colocarem suas finanças em ordem.