Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
07/11/2013
Na esteira das más notícias econômicas
que vive o país em 2013, o início de novembro não ficou indiferente. Quatro
elementos fundamentais viraram o mês indicando um cenário pouco alvissareiro
para o final do ano e para 2014, confirmando a tendência que se desenha há
meses. Em primeiro lugar temos o resultado de nossa balança comercial. Após
agosto e setembro com superávits, o mês de outubro voltou a acusar déficit. No
total, o mesmo ficou em US$ 224 milhões. No acumulado do ano (10 primeiros
meses) o déficit comercial é de US$ 1,83 bilhão e no acumulado de 12 meses
(nov/12-out/13) o superávit alcança tão somente US$ 219 milhões, contra US$
21,7 bilhões um ano antes. E a tendência para os dois últimos meses do ano
aponta para dificuldades em corrigir esse rumo já que as festas de final de ano
levam a mais importações do que exportações. Para complicar tal quadro, o
câmbio voltou a indicar uma aceleração da desvalorização do Real, com o mesmo
chegando, neste início de novembro, muito perto de R$ 2,30 por dólar, após
algumas semanas estacionado entre R$ 2,15 e R$ 2,20. Tal comportamento deverá
levar o governo a manter a venda de dólares no mercado, pois essa dimensão de
câmbio eleva os preços dos produtos importados, acelerando a inflação interna. E
mais uma vez tal realidade não fica restrita somente a fatores externos, mas
igualmente à contínua saída de dólares do país devido à debilidade dos
fundamentos macroeconômicos nacionais. Além disso, apesar dos alertas, há uma
grande preocupação de que as estatísticas oficiais continuem sendo maquiadas.
Afinal, 2014 é ano de eleições presidenciais! Assim, mesmo com a desvalorização
cambial ocorrendo desde maio passado, as exportações nacionais, nos primeiros
10 meses de 2013, recuaram 0,9% enquanto as importações aumentaram 9,3%. Quanto
à inflação, o IGP-M de outubro cresceu 0,86%. Embora menor do que setembro, o
mesmo ficou bem acima dos 0,02% registrados em outubro de 2012. Com isso, o
acumulado de 12 meses saltou para 5,27%. Resta agora esperar o IPCA,
considerado o índice oficial, embora o mesmo venha sofrendo maquiagens há mais
de ano. Esse indicativo de que a inflação não cede alimenta a tendência de que
os juros voltarão a subir na última reunião do Copom, prevista para o final
deste mês de novembro. Nesse caso, a Selic deverá fechar 2013 em torno de 10%.
Uma ação monetária de curto prazo necessária, porém, inibidora do crescimento da
economia. Não é por nada que o mercado avança um PIB de somente 2,2% em 2014,
contra uma expectativa de algo entre 2,0 e 2,5% em 2013. É de se imaginar o que teria sido de nossa
economia neste ano que finda se as safras agrícolas não tivessem transcorrido
bem, especialmente os grãos de verão como a soja.