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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
30/11/2013

A MAQUIAGEM OFICIAL
A partir de meados de 2012 notou-se um processo de maquiagem dos dados econômicos brasileiros por parte do governo federal. Esse processo se cristalizou aos olhos dos analistas internacionais no final daquele ano, quando as principais revistas e jornais econômicos do mundo passaram a acusar a nova realidade brasileira. O governo, não tendo como desmentir a realidade, calou-se. Mas o mercado iniciou um processo de retirada de divisas do país, além de uma redução de investimentos. Tal situação, somada a fatores externos, levou a moeda brasileira, a partir de maio de 2013, a um forte movimento de desvalorização. Tal movimento, contido parcialmente neste final de ano, se mantém. Tanto é verdade que, entre os R$ 2,00 por dólar de meados de maio e os atuais R$ 2,30 tem-se uma desvalorização de 15%. Na prática, não sendo competente para estancar o déficit público e a corrupção desenfreada que grassa no país, o governo tenta maquiar os dados tentando passar uma imagem irreal de nossa economia. No caso do superávit primário, por exemplo, o país corre o risco de nem mesmo atingir 1,8% do PIB quando a meta inicial pré-estabelecida é de 3,2%. Essa fragilização da economia coloca o Brasil em outra dimensão aos olhos do mundo desde o final de 2010. Hoje o país é visto com preocupações, correndo o risco de assistir a um recuo em sua nota de avaliação junto às chamadas “agências de risco”. E o quadro futuro não indica melhorias do cenário!

A MAQUIAGEM OFICIAL (II)
Há muitas maneiras de se maquiar dados oficiais. Desde os índices de inflação, caso muito corriqueiro na Venezuela e na Argentina nos últimos tempos, até as contas públicas em geral. Dentre estas, um exemplo concreto brasileiro assistimos junto à balança comercial do país. Assim, as plataformas marítimas para exploração de petróleo em alto mar, que estão sendo produzidas em Rio Grande (RS), entram na balança comercial como saldo de exportação, embora as mesmas fiquem em território brasileiro. A P-63, por exemplo, alcançou um valor de exportação de US$ 1,6 bilhão em julho passado. Assim, “apesar de fabricada no país e de ficar em operação aqui, o processo é considerado exportação. Há apenas um registro contábil da operação, para uma subsidiária da Petrobras fora do Brasil. Em julho a operação foi fechada com o Panamá. Depois, as plataformas retornam ao país como se estivessem sendo “alugadas” por uma empresa estatal localizada no mercado nacional. O impacto aparece na balança comercial do país e do Rio Grande do Sul porque a plataforma é registrada como exportação, mas retorna ao país como “admissão temporária de bens”, não entrando nas estatísticas de importação”. (cf. ZH 26/09/2013, p. 22)

A MAQUIAGEM OFICIAL (III)
Em outubro passado novamente o processo se fez presente. O Rio Grande do Sul apareceu com o maior superávit comercial do país, atingindo a US$ 2,3 bilhões e o município de Rio Grande como o terceiro do país que mais exportou, atingindo a US$ 5,9 bilhões. Tudo por conta deste jogo contábil com as plataformas petrolíferas. Esta maquiagem oficial, que engana os menos informados e acostumados com esse tipo de jogo, não passa despercebida pelo mercado internacional. Somando-se a outros movimentos deste tipo, no conjunto da economia, o resultado é o descrédito que o país vem tendo no cenário mundial a cada ano que passa. Mas o pior é que, mesmo com toda essa maquiagem, o saldo da balança comercial brasileira continua negativo em 2013. Entre janeiro e o dia 24 de novembro o déficit atingiu a US$ 1,45 bilhão. E isso que a forte desvalorização do Real, desde maio passado, é favorável ao exportador nacional.   

  

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