Prof. Dr. Argemiro
Luís Brum
CEEMA/DACEC/UNIJUI
26/11/2013
Nos últimos anos o leite vem
surpreendendo positivamente os produtores, confirmando o acerto na
diversificação produtiva regional nesta direção. Em 2013 o preço médio atingiu
o seu mais elevado nível nominal, ultrapassando R$ 1,00/litro bruto ao produtor
que ofereça um produto dentro dos padrões exigidos pelo mercado. Em termos
nacionais, até setembro passado, segundo o Cepea/ESALQ/USP, o preço do leite
havia atingido o seu mais alto valor real em 13 anos. Ou seja, já descontada a
inflação, o produtor de leite brasileiro, na média, recebia o mais alto valor
em mais de uma década. Em termos nominais, a média nacional de setembro passado
ficou em R$ 1,11/litro bruto, superando em 21,7% o valor registrado em setembro
de 2012. Já o valor líquido médio atingiu a R$ 1,03/litro. No Rio Grande do
Sul, a média do litro, em meados deste mês de novembro, ficou em R$ 0,90 em
termos brutos, superando em 23,3% o valor médio de um ano atrás. Essa realidade
auxiliou, sem dúvida, na capitalização das pequenas propriedades rurais
brasileiras em geral e gaúchas em particular, a grande maioria dedicada também
ao leite. Todavia, é preciso manter o gerenciamento da produção em dia. Isso porque a
tendência é de uma estabilização nos preços e, até mesmo, um retorno a
patamares médios menores. Por um lado, porque o acesso à renda, por parte do
brasileiro, chegou a um limite, particularmente devido ao seu forte
endividamento e inadimplência em muitos casos. Por outro lado, porque o Estado
brasileiro será obrigado a fazer reformas, mais dia menos dia, e isso tende a
alterar o quadro dos programas sociais existentes nos últimos tempos. Enfim, o
mercado continuará exigente e seletivo. Segundo estudos nacionais, o cenário
para 2020 no Brasil está indicando um excedente de 5,5 bilhões de litros
anuais, fato que exigirá um crescimento de 2,8% anuais da produção e não mais
de 4% como nestes últimos tempos. Nesse contexto, se o Brasil tiver 120.000 produtores de leite profissionalizados daqui a seis
anos, com um plantel individual de 45 vacas, a uma produtividade de 20
litros/vaca/dia, a produção anual nacional chegaria a 39,4 bilhões de litros,
mais ou menos o consumo projetado para 2020. Hoje o país estaria com 250.000
produtores de leite no mercado formal. Que cuidemos para que não seja a produção
regional a ser excluída!