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quinta-feira, 9 de julho de 2015

COMÉRCIO EXTERIOR: O BRASIL REAGE (?)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
09/07/2015


Os primeiros três dias úteis de julho consolidaram o retorno do superávit comercial brasileiro, depois de mais de um ano no vermelho. No acumulado do ano o superávit chega a US$ 2,86 bilhões, contra um déficit de US$ 1,23 bilhão no mesmo período de 2014. Antes que venhamos a comemorar o fato em si, necessário se faz abrir os números e afinar a análise. De onde se origina tal superávit? Infelizmente de uma redução maior das importações, em relação às exportações, e não pelo aumento destas últimas. Assim, em relação ao mesmo período do ano passado (seis meses e mais três dias úteis de julho) as importações recuaram 18,3%. Ao mesmo tempo, as exportações caíram 14,9%. Ou seja, a recessão econômica brasileira freia de forma mais contundente as compras externas, sem assistirmos a uma recuperação nas exportações. Isso provoca um saldo comercial positivo, porém, resultante de uma realidade comercial em queda. Em termos de corrente comercial, o Brasil continua, portanto, perdendo espaço no cenário mundial. Essa realidade, somada ao fato de que o PIB brasileiro não é mais puxado pela demanda interna (algo que se vê desde 2011), fez o governo federal acordar mais um pouco. Esse despertar, após 12 anos em que imaginou erroneamente que o país poderia avançar no comércio mundial apostando nas pequenas economias do Planeta, levou o governo a acelerar as tentativas de colocar em prática acordos de livre-comércio com os EUA, com a União Europeia, China e outros países com maior poder aquisitivo. A recente visita da presidente Dilma aos EUA teve particularmente esse objetivo: abrir o mercado estadunidense para os produtos brasileiros, pois necessitamos urgentemente de um crescimento nas exportações para melhorar o péssimo desempenho, nestes últimos anos, da indústria brasileira em particular e da economia nacional em geral. Faz cinco anos, pelo menos, que o Brasil não fecha um acordo comercial com um país de peso. Isso dá a dimensão de nosso atraso nessa área e escancara, se assim fosse necessário, mais um erro estratégico de nossa gestão pública federal. Em 2003, no início do governo Lula, deixamos congelar a construção da Área de Livre-Comércio das Américas (ALCA) sob a escusa de que estaríamos “nos entregando” aos interesses dos EUA. Na oportunidade, desdenhamos completamente nossa capacidade de negociação e nossa força produtiva, em favor de uma ideologia retrógrada. Agora, o mesmo governo desembarca nos EUA, premido pela necessidade, declarando que “...a negociação de um acordo de livre-comércio (com os EUA) é uma aspiração do governo brasileiro.” Nossa péssima política externa nestes últimos 12 anos nos colocou à margem do mundo, a ponto de nem mesmo conseguirmos consolidar o Mercosul nesse interregno. Parece que iniciamos uma reação, mas quantos recursos, investimentos e empregos perdidos nesse longo período de letargia! 

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