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quinta-feira, 2 de julho de 2015

O FUNDO DO POÇO



Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
02/07/2015

Contrariando as expectativas mais otimistas, a crise econômica brasileira ainda não alcançou o fundo do poço neste final de primeiro semestre. Os diferentes indicadores econômicos têm piorado constantemente e os últimos anunciados ainda demonstram que o tombo continuará mais um tempo. Terminamos o primeiro semestre de 2015 com uma projeção de PIB anual de 1,5% negativo, com possibilidades de alcançar 2%; uma taxa de juros SELIC de 13,75% com tendência a chegar a 14,25% até o final do ano; mesmo assim, a inflação oficial (IPCA) aponta para 9% no acumulado anual (o dobro do centro da meta e a mais elevada desde 2003); a taxa de desemprego oficial nas principais capitais atingindo a 6,7% e no conjunto do país batendo em 8% e em elevação (os jovens entre 18 e 24 anos enfrentam uma taxa de desemprego de 16,4%); o setor industrial completamente parado e sem perspectivas de médio prazo; a balança comercial, mesmo com toda a força do agronegócio e a forte desvalorização do Real, atingindo um superávit acumulado, até a terceira semana de junho, de apenas US$ 914 milhões (após longo período no vermelho); e o pior, com o executivo federal não conseguindo fechar as contas porque os ajustes propostos não são aprovados na integralidade pelo Congresso Nacional e, porque, a arrecadação caiu significativamente devido a recessão econômica existente. Assim, o dado mais preocupante vem justamente das contas públicas. Em maio o déficit primário foi de R$ 8 bilhões, sendo o pior resultado para o mês nos últimos 17 anos. Nos primeiros cinco meses deste ano a economia do setor público, para o pagamento dos juros da dívida, recuou 65,6%, o pior resultado desde 1998. Também pudera as despesas totais do Estado, nos primeiros cinco meses do ano, aumentaram 8,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Ou seja, nota-se claramente que as medidas até aqui tomadas e aprovadas para o ajuste fiscal são insuficientes. Ou se arrocha mais a economia, atacando definitivamente o problema, reduzindo os gastos públicos e o tamanho do Estado, ou se adota a velha política enganosa de atacar a febre e não a doença que a causa. Nesse momento, infelizmente, o governo parece cogitar, mais uma vez, pela segunda opção ao indicar a possibilidade de reduzir a meta do superávit primário para este ano, que está em 1,1% (inicialmente era de 1,2%), para apenas 0,6%. Se assim proceder alimentará ainda mais a possibilidade de perdermos o grau de investimento, com as óbvias conseqüências nefastas do ato, além de prolongar a agonia econômica da Nação brasileira. Ou seja, no quadro atual, o fundo do poço de nossa crise econômica, que é muito mais séria do que alguns tentam fazer crer, talvez só se delineie no final do ano, deixando antever que 2016 e, agora, 2017 serão igualmente muito difíceis.

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