Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
05/12/2013
O governo brasileiro abusou, mais uma
vez, ao subsidiar o preço dos combustíveis no Brasil, impedindo que a Petrobrás
repassasse os preços de importação do petróleo, gasolina e diesel ao consumo
final. Além disso, a partir da crise mundial de 2007/08 estimulou o consumo
destes combustíveis ao apoiar, via isenção de impostos, a compra de automóveis,
caminhões, motocicletas e utilitários. No curto prazo, em havendo estrutura, a
ideia é válida. O objetivo era manter um mínimo de crescimento econômico sem
gerar muita inflação. Para tanto, penalizou-se as empresas estatais. Todavia, o
processo se prolongou em demasia. Em pouco tempo o rombo econômico-financeiro
na Petrobrás estava formado e em constante crescimento. A estatal do petróleo
começou a se inviabilizar, exatamente no momento em que se principia a
exploração de alguns pontos da chamada área do Pré-Sal, onde a necessidade de
altos investimentos é evidente. Resultado: se conseguiu segurar parcialmente a
inflação, porém, em níveis elevados; não se conseguiu manter o crescimento do
país a partir de 2011; e a Petrobrás entrou em colapso. As constantes quedas no
valor de suas ações na Bovespa retratam isso nestes últimos anos. Ou seja, um
governo que se dizia defensor das estatais comprometeu a sobrevivência da
principal estatal brasileira, assim como vem colocando em xeque a saúde da
Caixa Federal e outras empresas. Desta forma, chegamos ao final de novembro de
2013 com uma defasagem nos preços dos combustíveis nacionais, em relação ao que
se paga por eles no exterior, muito grande. No caso da gasolina a mesma era de
27,6%. Como não é possível recuperar de uma só vez tal diferença, pois a
inflação nacional dispararia muito mais do que irá disparar agora (desde que
não haja maquiagens oficiais), o processo de aumento dos combustíveis se dá a
conta-gotas. Assim, com o aumento nas refinarias de 4% para a gasolina e 8%
para o diesel, o primeiro já subiu 10,9% em 2013 e o segundo 19,6%. Muito acima
da inflação oficial que ronda a casa dos 5,8% anuais no momento, porém, longe
de ser suficiente tamanho é o prejuízo causado. Portanto, a recuperação dos
preços dos combustíveis deve continuar em 2014 (se as eleições deixarem). O
problema é que a defasagem pode aumentar em havendo uma desvalorização ainda
mais forte do Real, pois encareceria ainda mais nossas importações de petróleo
e derivados. O mercado já deu um claro sinal de que o aumento atual foi
insuficiente na medida em que os títulos da Petrobrás, na segunda-feira (02/12),
caíram 10,37% (ON) e 9,2% (PN), se constituindo na pior queda desde 12/11/2008.
No ano, tais ações já perderam 16% e 11% respectivamente, se constituindo no
elemento motor das perdas gerais da Bovespa, que amarga uma baixa de 15,93% em
2013. Medidas populistas são boas no imediato, depois a conta chega pesada,
atingindo em cheio particularmente os mais pobres. No Brasil, a conta começou a
chegar em 2011 e vem se agravando a cada dia que passa, espalhando-se para
todos os setores da economia.