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quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

COMBUSTÍVEIS: AUMENTO FOI INSUFICIENTE

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
05/12/2013


O governo brasileiro abusou, mais uma vez, ao subsidiar o preço dos combustíveis no Brasil, impedindo que a Petrobrás repassasse os preços de importação do petróleo, gasolina e diesel ao consumo final. Além disso, a partir da crise mundial de 2007/08 estimulou o consumo destes combustíveis ao apoiar, via isenção de impostos, a compra de automóveis, caminhões, motocicletas e utilitários. No curto prazo, em havendo estrutura, a ideia é válida. O objetivo era manter um mínimo de crescimento econômico sem gerar muita inflação. Para tanto, penalizou-se as empresas estatais. Todavia, o processo se prolongou em demasia. Em pouco tempo o rombo econômico-financeiro na Petrobrás estava formado e em constante crescimento. A estatal do petróleo começou a se inviabilizar, exatamente no momento em que se principia a exploração de alguns pontos da chamada área do Pré-Sal, onde a necessidade de altos investimentos é evidente. Resultado: se conseguiu segurar parcialmente a inflação, porém, em níveis elevados; não se conseguiu manter o crescimento do país a partir de 2011; e a Petrobrás entrou em colapso. As constantes quedas no valor de suas ações na Bovespa retratam isso nestes últimos anos. Ou seja, um governo que se dizia defensor das estatais comprometeu a sobrevivência da principal estatal brasileira, assim como vem colocando em xeque a saúde da Caixa Federal e outras empresas. Desta forma, chegamos ao final de novembro de 2013 com uma defasagem nos preços dos combustíveis nacionais, em relação ao que se paga por eles no exterior, muito grande. No caso da gasolina a mesma era de 27,6%. Como não é possível recuperar de uma só vez tal diferença, pois a inflação nacional dispararia muito mais do que irá disparar agora (desde que não haja maquiagens oficiais), o processo de aumento dos combustíveis se dá a conta-gotas. Assim, com o aumento nas refinarias de 4% para a gasolina e 8% para o diesel, o primeiro já subiu 10,9% em 2013 e o segundo 19,6%. Muito acima da inflação oficial que ronda a casa dos 5,8% anuais no momento, porém, longe de ser suficiente tamanho é o prejuízo causado. Portanto, a recuperação dos preços dos combustíveis deve continuar em 2014 (se as eleições deixarem). O problema é que a defasagem pode aumentar em havendo uma desvalorização ainda mais forte do Real, pois encareceria ainda mais nossas importações de petróleo e derivados. O mercado já deu um claro sinal de que o aumento atual foi insuficiente na medida em que os títulos da Petrobrás, na segunda-feira (02/12), caíram 10,37% (ON) e 9,2% (PN), se constituindo na pior queda desde 12/11/2008. No ano, tais ações já perderam 16% e 11% respectivamente, se constituindo no elemento motor das perdas gerais da Bovespa, que amarga uma baixa de 15,93% em 2013. Medidas populistas são boas no imediato, depois a conta chega pesada, atingindo em cheio particularmente os mais pobres. No Brasil, a conta começou a chegar em 2011 e vem se agravando a cada dia que passa, espalhando-se para todos os setores da economia.  

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