:)

Pesquisar

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
07/12/2013


UM PIB QUE PATINA
O anúncio de um recuo no PIB do terceiro trimestre de 2013 foi uma ducha de água fria para o governo e para a economia brasileira. Com uma queda de 0,5% em relação ao trimestre anterior, a tendência do PIB global para 2013 se apresenta, agora, pior do que o esperado. Até então, se admitia um PIB entre 2,0% e 2,5%, com o mercado se fixando ao redor de 2,2% nestes últimos tempos. Após 2,7% em 2011 e 1,0% (dado corrigido) em 2012, a expectativa era de que a performance econômica do país em 2013, especialmente depois da excelente safra de verão, pudesse surpreender. Diante dos resultados dos três primeiros trimestres o quadro exige nova avaliação. Afinal, crescemos 0% no primeiro trimestre, 1,8% (corrigido) no segundo trimestre, e agora menos 0,5%. Será preciso um quarto trimestre muito bom para manter um PIB final acima de 2%, mesmo que, no acumulado dos nove primeiros meses do ano, o PIB esteja em 2,4% de crescimento (mas a base de comparação de 2012 é muito baixa). Além disso, a queda de agora foi a primeira desde o primeiro trimestre de 2009, confirmando os efeitos da relativa paralisia da economia brasileira nos últimos três anos.  Dito isso, diversas lições podem ser tiradas dos atuais resultados. Em primeiro lugar, em comparação a 2012, o crescimento econômico brasileiro está melhor, porém, longe do projetado pelo governo no início do ano (4% a 4,5%) e mais longe ainda do necessário (6% a 7%).

UM PIB QUE PATINA (II)
Em segundo lugar, o resultado do terceiro trimestre confirma a forte paralisação da indústria e dos serviços, que já acumulam um longo período de dificuldades, e a enorme dependência do setor agropecuário. Se o PIB do segundo trimestre cresceu 1,8% graças a performance do setor primário, particularmente puxado pela safra de verão e, nela, a safra de soja, agora o recuo se deve exatamente porque o setor primário registrou baixa performance entre julho e setembro, com o adicional de que os efeitos da safra de soja já se esgotaram para este ano. Assim, a agropecuária, ao recuar 3,5% neste último trimestre, eliminou o parco crescimento de 0,1% que a indústria e os serviços registraram no período. Aliás, o crescimento de 2,4% no acumulado dos nove primeiros meses de 2013 está todo ele calcado na agropecuária, que registra um aumento de 8,1% no período, contra apenas 1,2% na indústria e 2,1% nos serviços. Nesse contexto, diante das dificuldades de retomada industrial no país, torna-se fundamental que a próxima safra de verão não sofra percalços climáticos para que se consiga, como espera o mercado, pelo menos 2,2% de PIB em 2014.

UM PIB QUE PATINA (III)

Em terceiro lugar, continuamos com baixo investimento. Neste terceiro trimestre a Formação Bruta de Capital Fixo (que sinaliza os investimentos na economia) recuou 2,2%. Aliás, nossa taxa de investimento em relação ao PIB tem ficado ao redor de 18% nos últimos anos quando o necessário seria de 25%. A bem da verdade o país nunca alcançou, em sua história, tamanha taxa de investimentos. E isso porque nunca tivemos poupança suficiente para investir, sempre dependendo muito dos recursos externos. Enfim, em quarto lugar, o que ajudou o PIB do trimestre a não ser pior foi o consumo das famílias, que registrou um avanço de 1%. Aliás, é este consumo que tem dado sustentação ao PIB nacional nos últimos anos, fato que explica a insistência do governo, mesmo com o risco de gerar bolhas de crescimento setoriais (caso dos automóveis, da construção civil e outras), em continuar gerando medidas que estimulem tal consumo. Por enquanto, graças a uma melhoria da massa salarial, a situação é administrável, porém, o aumento do endividamento e da inadimplência, associado a maiores dificuldades na geração de empregos, está colocando areia na engrenagem, comprometendo o futuro. Assim, enquanto não consegue reformar a casa, para manter um mínimo de crescimento o país necessita com urgência que a economia mundial saia logo da crise e, com isso, volte a nos puxar já que o modelo baseado no fôlego interno, por enquanto, demonstra claros sinais de esgotamento.

Postagens Anteriores