Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
19/12/2013
Neste
final de 2013 vivemos novos desdobramentos da crise mundial. Dentre eles
encontramos a inflação nos países emergentes e o risco de deflação nos países
desenvolvidos, particularmente na Europa. Tanto inflação como deflação são
nocivas para o bom andamento da economia, quando duradouras e descontroladas.
As iniciativas consumistas para enfrentar a crise, junto aos países emergentes,
esbarraram na falta de infraestrutura e capacidade produtiva, para dar conta da
enorme demanda que se criou, fato que gerou inflação acima do aceitável para os
atuais padrões econômicos destes países. Assim, tais países se viram obrigados
a adotar medidas que freiam o consumo e, particularmente, o crescimento
econômico e a geração de empregos, caso da elevação dos juros e da retirada
parcial de alguns estímulos ao consumo no Brasil. Desta forma, o crescimento
chinês cai de 10% a 11% ao ano para algo em torno de 7% a 7,5% ao ano no
momento. No Brasil, após chegar a 7,5% em 2010, nosso crescimento bateu em 1%
em 2012, não devendo ser muito maior do que 2% a 2,5% em 2013, sem perspectivas
de melhoras para o futuro próximo. Já nos países desenvolvidos, e
particularmente na União Europeia, o problema está na deflação. No mês de
outubro passado a inflação anualizada na Espanha era de 0%, na França de 0,7%,
em Portugal 0% e na Grécia menos 1,9%. Todos, países fortemente atingidos pela
crise! No total da chamada zona euro (17 países da União Europeia) a inflação
anual recuou para 0,7%, contra a meta de 2% estabelecida pelo Banco Central
Europeu (aqui no Brasil, em outubro, a inflação anualizada era de 5,8% contra a
meta de 4,5%). Ora, a deflação é ruim porque gera uma espiral difícil de
escapar: os domicílios param de comprar; isso reduz as encomendas junto às
empresas; estas diminuem as vendas; isso leva a uma redução dos salários e dos
investimentos, levando a uma redução no crescimento da economia. O Japão, após
20 anos, apenas agora ensaia uma saída de tal armadilha. Para alguns
economistas europeus o atual processo é salutar e de curta duração, servindo
para depurar a economia local, com redução do custo de vida através da redução
de preços e salários. Para outros economistas tal raciocínio não se sustenta e
a espiral deflacionária já se instalou e ninguém poderá pará-la tão cedo, com
estragos irremediáveis. Especialmente porque uma forte baixa dos preços infla
mecanicamente o custo de financiamento dos Estados, altamente endividados, fato
que leva a dívida pública a continuar crescendo. Como se pode perceber, o
segredo da gestão econômica é encontrar o equilíbrio no contexto da realidade
de cada país, sem ignorar as relações que o mesmo possui com o mundo
globalizado e sua movimentação. Para se obter sucesso em tal empreitada é
preciso muito pragmatismo e visão de longo prazo, algo que poucos dirigentes
públicos possuem, pois é mais fácil se deixar levar pelo embalo das euforias
passageiras mesmo que, logo adiante, coloquem a Nação em dificuldades estruturais
por longo tempo.