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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

HÁ DOIS CAMINHOS!


 Argemiro Luís Brum
14/02/2019

O ano de 2019 será decisivo. Iniciou com algumas boas notícias conjunturais para os brasileiros: inflação sob controle, juro básico mantendo-se baixo, câmbio estável em um patamar que se pode considerar normal, balança comercial com um superávit anual importante, e a confiança da indústria e dos empresários em geral em alta. Dito isso, outros indicadores continuam preocupando. O desemprego diminui, porém, em cima da geração de empregos informais e precários, não permitindo melhoria de renda à população. O PIB de 2018 teria ficado entre 1% e 1,5%. Para 2019 a expectativa é de 2% a 2,5%, mas ainda muito aquém das necessidades nacionais. O novo governo parece consciente do problema e procura avançar com a agenda econômica, porém, já apresenta dissonâncias internas e começa a enfrentar impedimentos políticos. Sua principal tarefa é atacar os problemas estruturais de nossa economia, começando por um ajuste fiscal severo, o qual passa pelas reformas de base, como a previdenciária. Nota-se que os brasileiros em geral não têm noção do tamanho do problema que estamos enfrentando. E isso dificulta sua solução. Ora, os gastos públicos, desde a estabilização alcançada com o Plano Real, em 1994, crescem a uma velocidade superior à expansão do PIB. Neste sentido, somente a despesa primária da União, excluindo transferências para Estados e municípios, saiu de 11% do PIB, na primeira metade dos anos de 1990, para os 20% atuais. Entre 1997 e 2017, o crescimento do gasto primário deflacionado pela inflação do PIB deu-se ao ritmo de 4% ao ano, ou 117% no acumulado do período, passando de R$ 588 bilhões para R$ 1,28 trilhão, a preços de 2017. Para piorar o quadro, a partir de 2012 o crescimento da receita pública ficou próximo à trajetória da economia. Assim, gasto público crescendo acima do PIB e receita aumentando no ritmo deste PIB produziram um problema fiscal estrutural. Neste contexto, a dívida bruta do governo geral saltou de 51,5% do PIB em 2013, para 75% em 2018, devendo atingir a 80% em 2019 se nada for feito imediatamente. Particularmente, entre 2011 e 2018 faltou-nos competência na gestão do Estado nacional para se fazer as correções de rumo necessárias (o dever de casa) e ampliou-se a crise ao invés de combatê-la. (Cf. Conjuntura Econômica, FGV, setembro a dezembro/18). Neste contexto, a nova equipe econômica brasileira tem apenas dois caminhos neste início de 2019: 1º) iniciar um processo agudo de reformas estruturais, com apoio político e social, e a economia finalmente sair do marasmo em que se encontra, iniciando um processo de recuperação mais sustentável; 2º) não conseguir realizar os ajustes estruturais a contento e, apesar das promessas, tudo ficar como antes, levando o Brasil a afundar no imprevisível econômico, frustrando as expectativas, sem luz no fim do túnel pelos próximos quatro anos.

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