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quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

VEM AÍ MAIS UM ANO DIFÍCIL (Final)


Argemiro Luís Brum
27/12/2018


No fundo, não há novidades. A crise econômica brasileira é de natureza estrutural e, para ser corrigida, precisa de ajustes profundos, começando por parar de gastar acima das receitas, além de se gastar bem o que se tem. Nesta última década perdemos muito tempo. Mesmo que tenha havido um pequeno alívio nos últimos dois anos, para sairmos do fundo do poço da recessão precisamos crescer sustentavelmente ao redor de 4,5% ao ano. Ora, ainda estamos muito longe disso, pois crescemos 1,1% em 2017 e talvez 1,3% em 2018. Para que tais ajustes aconteçam, visando tornar o Estado eficiente, as reformas são fundamentais, a começar pela previdenciária. E a situação é urgente, apesar das dificuldades inerentes ao trabalho que se tem a fazer, porque no front externo a realidade econômica não está tranquila e uma nova recessão global vem sendo projetada para ocorrer entre 2020 e 2024 se nada mudar até lá. Assim, basta o novo governo claudicar, demonstrando que não tem condições para enfrentar tal desafio corretamente e as coisas piorarão. Para complicar o quadro, a irresponsabilidade do Judiciário, aliada a dos governantes que saem neste final de ano, recoloca em cena o auxílio-moradia para juiz, manda pagar reajuste de servidor da administração pública federal em 2019, com impacto fiscal de R$ 4,7 bilhões adicionais, e se confirma que a União fechará o ano com déficit primário de R$ 139 bilhões e projeta o mesmo déficit para 2019, sem falar que o governo acaba de flexibilizar a Lei de Responsabilidade Fiscal, autorizando o estouro das contas públicas, em particular as municipais. Em tal contexto, o aumento de impostos não poderá ser evitado. Com o Estado quebrado, e adotando ainda mais medidas que aumentam seus gastos, sobra incrementar as receitas. Ocorre que mais impostos tem servido basicamente para sustentar apenas uma máquina pública inchada e ineficiente, além de travar mais a economia. É preciso quebrar este círculo vicioso! O problema é como fazê-lo e em que velocidade! Dentre o que precisa ser feito podemos citar: 1) manter em pé o tripé de sustentação da estabilidade econômica, criado ainda com FHC em 1999 (meta inflacionária, câmbio flutuante e superávit primário); 2) dar início a um ajuste fiscal profundo, adaptando as despesas públicas às receitas; 3) dar início às reformas estruturais, atacando a reforma da Previdência, melhorando a Trabalhista e iniciando a Tributária; 4) recuperar a parte social do país (educação, saúde, segurança...) aprimorando a democracia; 5) não esquecer que o mundo continua girando e que precisamos nos manter interligados às rotas de comércio e financiamentos internacionais. Afinal, sem investimentos externos o país não anda, pois não tem poupança própria suficiente, em um contexto de setor público quebrado, inviabilizado por privilégios que sugam, para benefício próprio, nossa capacidade de crescimento coletivo.


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