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sexta-feira, 1 de julho de 2016

BREXIT: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
30/06/2016


O Reino-Unido votou pela saída da União Europeia! Além do fato de ser a primeira vez, desde a criação do bloco europeu, em março de 1957, que um de seus membros se retira deste bloco que reúne, hoje, 29 países, trata-se da saída de um membro fundador do bloco, inicialmente chamado de Mercado Comum Europeu (MCE). Portanto, estamos diante de um fato significativo. Menos mal que o Reino não aderiu à chamada zona euro, conservando a sua moeda como unidade monetária. Dito isso, outras considerações merecem atenção. Em primeiro lugar, o Brexit reforçou a lógica de que os britânicos seguidamente viraram as costas ao continente europeu. Esse procedimento é pressionado por um forte movimento xenofóbico. Em segundo lugar, o Reino Unido se mostrou desunido na tomada de tal decisão. Escócia e Irlanda do Norte votaram fortemente pela permanência na União. Isso deverá enfraquecer os britânicos no futuro. A Escócia ameaça, inclusive, não referendar o resultado do plebiscito, o que bloquearia a saída do Reino da União. Além disso, plebiscitos visando a saída destes países do próprio Reino Unido não se podem descartar no futuro. Em seguida, a economia mundial não aprovou a saída dos britânicos (a libra sofreu sua maior desvalorização em 31 anos, além das bolsas de valores e mercadorias despencarem). Isso pode significar perdas econômicas mais importantes para o Reino Unido do que para o restante da União Europeia. Em terceiro lugar, é fato que há um enfraquecimento inicial do bloco europeu com a perda de um membro deste porte. Os resultados de tal saída podem, no futuro, estimular outros países a empreenderem plebiscitos desta natureza. Lembramos que a Grécia, no auge de sua atual crise econômico-financeira, chegou a cogitar tal medida. Por sua vez, não se pode esquecer que o processo de saída definitiva dos britânicos deverá, tecnicamente, durar entre quatro a seis anos (há milhares de acordos a serem revistos). Quanto aos impactos sobre a economia brasileira e do Mercosul, por enquanto pode-se dizer que, além de algumas repercussões imediatas, a tendência é de poucos efeitos no Brasil. O comércio agropecuário, que é um dos pontos relevantes de nosso país para com os europeus, não será muito atingido, podendo mesmo os britânicos, na medida em que saírem do bloco, aprofundar alguns acordos específicos. Porém, não nos iludamos, o Reino Unido continuará a realizar grandes negócios com o restante da Europa Continental, podendo mesmo fechar, na sequência, um acordo de livre-comércio com a União. O impacto mais sério será mesmo sobre o Mercosul e seus esforços em levar a cabo negociações de livre-comércio com a União Europeia, paralisadas desde 2004. O Reino Unido era o fiador desse processo, apoiando os sul-americanos. Sua saída do bloco enfraquece a iniciativa já que França e outros países estão receosos de avalizar tal projeto. Pelo sim ou pelo não, o fato é que muita coisa ainda se passará até que tudo esteja concretizado. 

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