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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

ENERGIA: NOVA GEOPOLÍTICA MUNDIAL (Parte 1)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
28/08/2014

O recente conflito entre Rússia e Ucrânia vem provocando desdobramentos que vão muito além das questões políticas. Na prática o mundo pode estar assistindo à construção de uma nova geopolítica e geoeconomia mundial. Em termos gerais, a Rússia volta a se fazer presente no tabuleiro internacional, recuperando alguns ares da antiga “guerra fria”. Em termos específicos, a reação dos EUA e da União Europeia, em bloquear o comércio com os russos, obriga os mesmos a acelerarem um retorno ao comércio com o mundo subdesenvolvido, abrindo portas comerciais onde antes a própria Rússia as havia fechado. Nesse contexto entra a liberação acelerada de diversos frigoríficos brasileiros, especialmente os de carne suína. Antes privilegiando o produto norte-americano, o governo russo se volta agora, pela premência de abastecimento, aos mercados alternativos. Mas o principal elemento em jogo, neste novo conflito internacional, é a energia. A tal ponto que alguns analistas chegam a avançar que um “novo mapa” de poder está sendo construído neste exato momento pelas principais potências do Planeta. O mundo sempre precisou e precisará de energia para avançar. O desenvolvimento econômico e o bem-estar geral dependem da oferta deste insumo. Ora, a Rússia é rica em gás e usa o mesmo como instrumento de “guerra” contra o restante da Europa. Afinal, o gás russo abastece de maneira importante a União Europeia. Assim, a ameaça russa de elevar o preço do gás é levada muito a sério pelos europeus e mesmo pelos EUA. Mesmo que, de forma geral, não se cogite de um corte no fornecimento do insumo. Isso porque tal procedimento seria um tiro no pé dos próprios russos. Afinal, as vendas russas para a União Europeia representam 13,5% do volume total de suas exportações, enquanto o contrário representa apenas 1,6% do PIB europeu. Além disso, a Rússia tem hoje no gás e no petróleo basicamente suas únicas alavancas econômicas. Mas um aumento importante nos preços do gás pode sim causar uma inflação importante no resto do mundo, em proporções semelhantes, à sua época, do que foram os choques do petróleo nos anos de 1970 causados pela OPEP. Não é por nada que a China e os EUA já trabalham alternativas para não perderem espaço no xadrez internacional. Os chineses, em maio passado, assinaram com os russos o que passou a se chamar o contrato de gás do século. Trata-se de importar 38 bilhões de metros cúbicos de gás russo por ano, durante 30 anos, por um montante total estimado acima de US$ 400 bilhões. Os efeitos sobre as economias chinesa, russa, estadunidense e europeia são enormes. (segue)





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