Prof. Dr. Argemiro
Luís Brum
CEEMA/DACEC/UNIJUI
26/08/2014
É
notório que os preços mundiais das commodities em geral e dos grãos em
particular recuaram fortemente neste ano de 2014. É notório igualmente que tal
realidade, para o caso dos grãos, vem puxando para baixo os preços pagos aos
produtores rurais brasileiros. Tomando como exemplo a soja, o milho e o trigo,
suas cotações em Chicago saíram de uma média anual, em 2007, respectivamente de
US$ 8,65, US$ 3,73 e US$ 6,40 por bushel, para um auge de preços, durante a
crise econômico-financeira mundial de 2007/08, de respectivamente US$ 17,71,
US$ 8,31 e US$ 12,80 por bushel. Finalmente, neste meados de agosto de 2014 os
mesmos recuaram para níveis ao redor de US$ 11,20; US$ 3,62 e US$ 5,46 por
bushel respectivamente. Nota-se que os preços do milho e do trigo já caíram
abaixo de suas médias de 2007. O recuo atual de tais preços é de ordem
estrutural. A crise internacional desvalorizou o dólar, fato que levou o
sistema especulativo em Chicago a compensar a perda de poder aquisitivo da
moeda via um aumento substancial do preço dos produtos. Ainda no campo
estrutural, o forte recuo nas taxas de juros internacionais, assim como as
ações nas Bolsas de Valores, levou os especuladores financeiros a buscarem
guarida nas commodities negociadas nas Bolsas de Mercadorias, tipo Chicago.
Isso significa que a participação dos Fundos nessas bolsas aumentou
sensivelmente, acelerando o cunho especulativo naturalmente existente. Esses
motivos já estão bem menos presentes na atualidade. Somam-se a eles os motivos
conjunturais. Devido ao aumento dos preços, houve forte crescimento da produção
mundial. Enquanto isso, a demanda não tem como manter seu ritmo de consumo,
devido aos próprios efeitos da crise no longo prazo. Assim, a produção e os
estoques mundiais de trigo, nos últimos dois anos, cresceram 8,8% e 10%
respectivamente. O milho, por sua vez, viu essas duas rubricas saltarem 13,4% e
36%. Enfim, a soja registrou o mesmo comportamento, com a produção e os
estoques finais subindo 13,7% e 50,6% respectivamente. Afora isso, o aumento
dos preços mundiais esteve muito relacionado a uma bolha especulativa, em cima
de uma crise que começa, aos poucos, a ser superada, mesmo que deixando
estragos pelo caminho. Com isso, a tendência é de o mercado registrar uma volta
a parâmetros normais, equivalentes aos de 2007. Obviamente, muito disso irá
depender da capacidade dos diferentes países produtores em manterem a
oferta.