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quarta-feira, 20 de agosto de 2014

POR QUE OS PREÇOS MUNDIAIS DOS GRÃOS RECUAM?

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
CEEMA/DACEC/UNIJUI
26/08/2014


É notório que os preços mundiais das commodities em geral e dos grãos em particular recuaram fortemente neste ano de 2014. É notório igualmente que tal realidade, para o caso dos grãos, vem puxando para baixo os preços pagos aos produtores rurais brasileiros. Tomando como exemplo a soja, o milho e o trigo, suas cotações em Chicago saíram de uma média anual, em 2007, respectivamente de US$ 8,65, US$ 3,73 e US$ 6,40 por bushel, para um auge de preços, durante a crise econômico-financeira mundial de 2007/08, de respectivamente US$ 17,71, US$ 8,31 e US$ 12,80 por bushel. Finalmente, neste meados de agosto de 2014 os mesmos recuaram para níveis ao redor de US$ 11,20; US$ 3,62 e US$ 5,46 por bushel respectivamente. Nota-se que os preços do milho e do trigo já caíram abaixo de suas médias de 2007. O recuo atual de tais preços é de ordem estrutural. A crise internacional desvalorizou o dólar, fato que levou o sistema especulativo em Chicago a compensar a perda de poder aquisitivo da moeda via um aumento substancial do preço dos produtos. Ainda no campo estrutural, o forte recuo nas taxas de juros internacionais, assim como as ações nas Bolsas de Valores, levou os especuladores financeiros a buscarem guarida nas commodities negociadas nas Bolsas de Mercadorias, tipo Chicago. Isso significa que a participação dos Fundos nessas bolsas aumentou sensivelmente, acelerando o cunho especulativo naturalmente existente. Esses motivos já estão bem menos presentes na atualidade. Somam-se a eles os motivos conjunturais. Devido ao aumento dos preços, houve forte crescimento da produção mundial. Enquanto isso, a demanda não tem como manter seu ritmo de consumo, devido aos próprios efeitos da crise no longo prazo. Assim, a produção e os estoques mundiais de trigo, nos últimos dois anos, cresceram 8,8% e 10% respectivamente. O milho, por sua vez, viu essas duas rubricas saltarem 13,4% e 36%. Enfim, a soja registrou o mesmo comportamento, com a produção e os estoques finais subindo 13,7% e 50,6% respectivamente. Afora isso, o aumento dos preços mundiais esteve muito relacionado a uma bolha especulativa, em cima de uma crise que começa, aos poucos, a ser superada, mesmo que deixando estragos pelo caminho. Com isso, a tendência é de o mercado registrar uma volta a parâmetros normais, equivalentes aos de 2007. Obviamente, muito disso irá depender da capacidade dos diferentes países produtores em manterem a oferta.  

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