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sexta-feira, 22 de abril de 2016

E AGORA?

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
21/04/2016


Passada a primeira etapa do processo de impedimento contra a presidente Dilma, neste último dia 17/04 na Câmara dos Deputados, algumas lições importantes merecem atenção. A primeira é que, salvo honrosas exceções, o conjunto dos deputados federais se portou como se num circo estivesse. A postura da maioria esteve longe da importância do ato realizado. E isso desnuda a mediocridade política na qual nosso país está envolto. Afinal, é nessa casa, com estes personagens, que as leis brasileiras são discutidas e votadas. Em segundo lugar, o processo de depuração da corrupção e irresponsabilidade administrativa não pode parar aí. Do conjunto dos deputados que ali votaram, mais de 50% sofrem processos de improbidade administrativa e/ou algum tipo de corrupção em relação ao bem público, a começar pelo presidente da Câmara. Isso significa que a Operação Lava-Jato e outras operações do gênero devem continuar e, mesmo, serem fortalecidas. Em terceiro lugar, se efetivamente o impedimento for concretizado, será preciso que o futuro presidente consiga apoio político para governar. Isso está longe de ser uma garantia, tamanha é a divisão sectária que os debates em torno do assunto tomaram no país nestes últimos meses. Sem falar que o próprio vice-presidente igualmente está ameaçado de sofrer um processo de impeachment. Em quarto lugar, pelo lado econômico, o mercado financeiro e bursátil, após operar por semanas contra o governo da presidente Dilma (Real valorizado e Bovespa em alta), no dia seguinte ao 17/04 voltou à realidade, confirmando a máxima de que “a Bolsa sobe no boato e cai no fato”. Ou seja, o mercado sabe que a crise é enorme, sabe que o remédio será amargo e de efeito demorado, e sabe que não será apenas trocando de pessoas nos cargos de decisão, especialmente no Ministério da Fazenda e no Banco Central, que o Brasil irá superar a crise. Em quinto lugar, muito irá depender de quem o novo presidente, se vier a tomar posse, irá indicar para estes dois cargos importantes aos destinos de nossa economia. A tendência é de termos técnicos de linha monetarista que venham realizar, finalmente, um ajuste fiscal profundo e reformas estruturais fundamentais. Resta saber se tais pessoas terão realmente um respaldo político adequado para levar adiante a tarefa. Enfim, não nos iludamos! Até agora estávamos afundando, com grande parte dos brasileiros se inviabilizando (cerca de 60 milhões já estão inadimplentes). Talvez, com a mudança política, mesmo que longe de ser confiável, alcancemos o fundo do poço econômico. A questão, a partir daí, é quanto tempo ainda ficaremos neste fundo e quanto nos custará, em duros ajustes com remédios amargos, para dele sair definitivamente. Os recentes acontecimentos políticos podem nos direcionar para uma saída (nada está garantido), porém, a mesma será lenta, podendo mesmo atingir uma década até voltarmos ao estágio alcançado em 2007, ano em que o governo brasileiro entrou na desastrosa ilusão da “nova matriz econômica” e dela não mais conseguiu sair, inviabilizando a ele e ao país. 

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