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quinta-feira, 7 de abril de 2016

CONTAS PÚBLICAS: CONTINUAMOS AFUNDANDO



Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
07/04/2016

O déficit nas contas públicas nacionais não para de crescer. Em fevereiro o governo central apresentou um rombo de R$ 25,1 bilhões, sendo este o maior desde 1997 para um mês de fevereiro e o segundo maior déficit mensal da história nacional. Em 12 meses, terminados em fevereiro passado, o déficit primário é de R$ 128 bilhões. Já o déficit público geral (incluindo aí também os Estados e municípios) somou, em fevereiro, R$ 23,04 bilhões, o pior da série histórica iniciada em 2001. Em 12 meses o mesmo está em R$ 125,14 bilhões, correspondendo a 2,11% do PIB. Não é por nada que o governo já está calculando um déficit primário de R$ 96,6 bilhões para o final de 2016. Será o terceiro ano consecutivo de déficit, fato que impede colocar a economia nos trilhos e sair do caos em que foi colocada. Dito de outra forma, o governo se inviabiliza ao gastar cada vez mais do que arrecada. Assim, ou ajusta ou “quebra” (leia-se, a economia trava, regride e a sociedade paga a conta com inflação alta, disparada de juros, recessão econômica, desemprego e por aí afora). O governo central afirma que, embora ruim, o déficit é necessário para que se possa estabilizar a economia, manter os programas sociais e ajudar os Estados “quebrados”, caso do Rio Grande do Sul dentre outros. Ora, tais premissas estão longe de serem convincentes. Em primeiro lugar, a estabilização da economia só virá se justamente houver, dentre outras coisas, o ajuste fiscal. O governo, enredado em interesses políticos e não querendo perder espaço de poder, não se priva de gastar mais loteando cargos e favores, numa clara demonstração de que dinheiro até que existe, porém, não exatamente para os programas sociais. Tanto é verdade que os recursos para estes últimos igualmente foram reduzidos nos últimos tempos. E continuarão a sê-lo, pois o que se busca é a permanência no poder e não a melhoria da economia e do bem-estar coletivo dos brasileiros. Enfim, as propostas de auxílio aos Estados endividados estão longe de serem uma solução, que o diga o governo gaúcho. Nesse contexto, o caminho para um ajuste adequado é o corte de despesas, o controle de gastos da máquina pública em geral. Mas aí muita coisa esbarra em leis, inclusive constitucionais, criadas para favorecer quem se encastela no seio do Estado. Leis estas que precisam ser reformadas e até abolidas em alguns casos. Todavia, quem tem o poder de decidir sobre isso não mostra nenhum interesse em avançar nesse sentido. Nesse ritmo, a dívida líquida do setor público nacional já soma R$ 2,19 trilhões em fevereiro (36,8% do PIB), crescendo um ponto percentual apenas entre janeiro e fevereiro passados. Ao mesmo tempo, a dívida bruta já bate em R$ 4,02 trilhões ou 67,6% do PIB. É olhando esse quadro, em perspectiva, que o mercado, em geral, se mostra perplexo e os investidores, em particular, assombrados. Afinal, quem, de sã consciência, terá coragem para investir na produção, em um país cujas contas afundam no vermelho a cada mês que passa, sem nenhum sinal de reação competente para reverter o processo?

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