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quinta-feira, 28 de março de 2019

A PIOR DÉCADA DA ECONOMIA NACIONAL


Argemiro Luís Brum
28/03/2019

Entre 1983 e 1992 o Brasil viveu um difícil período econômico que ficou conhecido como a “década perdida”. Uma situação, aliás, que atingiu boa parte dos países em desenvolvimento da época. A mesma teve como origem a deterioração do Sistema de Bretton Woods, ainda em 1973, o qual levou a um brutal aumento inflacionário internacional, tendo nas duas crises do petróleo uma referência. Para enfrentar tal situação e buscando não diminuir o ritmo de seu crescimento econômico (o Brasil, entre 1968 e 1973, viveu o “milagre econômico”, com crescimento de seu PIB acima de 10% anuais em alguns momentos) os governos adotaram a estratégia de financiar a manutenção do processo via endividamento externo já que a poupança interna jamais foi suficiente para alavancar um crescimento adequado. Ora, em 1982, alguns países em desenvolvimento declaram moratória (calote) de sua dívida externa (caso do México) e outros tantos ameaçam seguir o mesmo caminho (caso da Argentina e do Brasil). Foi o momento da “crise do endividamento” que assola o mundo e serve como estopim final para a “década perdida” que se iniciava. Em busca de solução, praticamente todos foram ao FMI pedir empréstimos. Naquela “década perdida” o crescimento médio brasileiro foi de 1,6% ao ano, a hiperinflação explode, o desemprego dispara, a economia trava, e as expectativas futuras são imprevisíveis. A situação somente começa a ser resolvida, a partir de 1993, no governo Itamar Franco, com a renegociação da dívida externa e a implantação do Plano Real. Pois quando parecia impossível, após 1993, voltarmos à situação dos anos de 1980 eis que ações públicas populistas, descomprometidas com o controle fiscal, através de governos despreparados na lida de associar avanços sociais com eficiência estatal, voltaram a comprometer a economia nacional. Assim, segundo estudo da FGV, divulgado nesta semana, e como já havíamos alertado em comentários passados, estamos vivendo nova “década perdida”. A mesma teve início em 2011, alimentada pelas decisões da Nova Matriz Econômica posta em prática a partir de 2007. A diferença em relação à anterior, é que a década atual é bem pior, sendo a mais profunda dos últimos 120 anos, segundo o estudo da FGV. Nela, a recessão de 2015 e 2016 foi a pior do século, sendo estes dois anos os piores da história econômica brasileira. Assim, entre 2011 e 2018 a média de crescimento anual fica em 0,6%. E mesmo que venhamos a crescer 2,01% em 2019 e 2,8% em 2020 (projeções), o desempenho anual na década de 2011 a 2020 ficará em tão somente 0,9%, não modificando o quadro. O custo de tal desastre levará ainda alguns anos para ser pago, mesmo que tudo dê certo daqui em diante, o que está longe de ser uma certeza. Basta as reformas não saírem a contento, e o ajuste fiscal não vingar, e perderemos também a próxima década. 

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