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quinta-feira, 21 de março de 2019

O RECORDE DA BOLSA E O PIB



Argemiro Luís Brum
21/03/2019

Nesta semana tivemos o recorde na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), e a prévia do PIB nacional para o mês de janeiro de 2019. No primeiro caso, pela primeira vez em sua história, o índice Bovespa atingiu os 100.000 pontos, durante o pregão do dia 18/03. Tal comportamento indicaria que o setor financeiro está eufórico com o caminhar da economia e, principalmente, com a possibilidade de as reformas estruturais serem realizadas, começando com a Reforma da Previdência. De fato, nos últimos três meses o índice cresceu 15,4%. Todavia, tal performance bursátil não pode ser considerada extraordinária e nem um aval para se pensar que as condições para investimentos e crescimento da economia real estão construídas. Primeiro, porque o recorde é apenas nominal. Na prática, o que interessa é o recorde real. E neste caso o recorde do Ibovespa se deu em 20 de maio de 2008, quando o índice nominal atingiu a 73.516 pontos. Este, corrigido pela inflação destes quase 11 anos, seria hoje de 134.917 pontos. Portanto, em termos reais, o Ibovespa ainda está longe de seu recorde histórico, faltando, para empatar com o mesmo, ainda 34.923 pontos. Segundo, a forte valorização nos últimos três meses não encontra respaldo na economia real. Nesta, o PIB patina e a inflação e o desemprego voltam a subir no país. Aliás, a prévia do PIB do mês de janeiro/19 foi negativa. Segundo o Banco Central, nosso crescimento no primeiro mês do ano foi de menos 0,41%, confirmando a tendência apontada pelo PIB oficial do quarto trimestre do ano passado. Com isso, caiu o PIB acumulado de 12 meses para 1%, contra 1,1% no encerramento de 2018. Neste contexto, já há muitas empresas e analistas revendo suas projeções para 2019, apontando que o PIB nacional possa ficar, pelo terceiro ano consecutivo, entre 1% e 2% apenas. Diante de tal realidade, o comportamento altista da B3 entra na lógica de ser uma bolha, movida a especulações, as quais são movidas pelas expectativas de que os fatos aconteçam como os operadores desejam e não da maneira como a realidade vem nos indicando. Além disso, grande parte do movimento está centrado na possível aprovação da Reforma da Previdência. Ora, tal Reforma não terá aprovação fácil, podendo a proposta ser muito desidratada pelo Congresso, não servindo adequadamente aos propósitos de auxiliar na redução do déficit fiscal. Em isso ocorrendo, a bolha estoura e o índice pode recuar bastante no transcorrer do ano (a Reforma talvez saia apenas no final de 2019). Enfim, e não menos importante e revelador, o Ibovespa é o resultado da valorização das ações das principais empresas estabelecidas no Brasil. Ora, é muito difícil encontrar lógica, minimamente razoável na valorização destas ações, quando as empresas as quais elas pertencem praticamente nada geram de crescimento econômico na economia real.   

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