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terça-feira, 29 de abril de 2014

A CHINA VOLTA A PREOCUPAR O MERCADO DA SOJA

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
01/05/2014

O mercado mundial da soja depende muito, nos últimos anos, do comportamento comprador da China. Esse país deverá importar 63% do total a ser comercializado pelo mundo no corrente ano comercial. Pois os chineses ameaçam voltar a uma estratégia já realizada em 2004. Na época, após o bushel de soja atingir a US$ 10,45 no início de abril daquele ano, a China começou a devolver soja ao Brasil sob a acusação de que a mesma estava contaminada por fungicida. O evento ficou conhecido como “soja vermelha”. Ocorre que até então os chineses aceitavam normalmente certo teor de grãos tratados com esse fungicida nas cargas compradas. Ou seja, na prática o objetivo era derrubar os preços mundiais da oleaginosa. E conseguiram! No final de julho do mesmo ano o bushel já estava em US$ 5,99, tendo atingido mesmo US$ 5,02 no início de novembro de 2004, com auxílio de uma colheita normal nos EUA. Pois agora, a partir deste mês de abril de 2014, os chineses enfrentam altos estoques, margens negativas em suas indústrias moageiras, redução do consumo interno pela queda do crescimento econômico e o retorno da gripe aviária em determinadas regiões de produção avícola, grandes problemas de logística portuária, além dos altíssimos preços mundiais da soja (Chicago está novamente acima dos US$ 15,00/bushel). Diante disso, passaram a direcionar cargas de soja, compradas no Brasil e na Argentina, para os EUA (os baixos estoques estadunidenses têm auxiliado a viabilizar tal estratégia, fato que igualmente está segurando nas alturas as atuais cotações da oleaginosa). Muitas cargas brasileiras, inclusive, estariam sendo direcionadas pelos chineses, para a África. Igualmente passaram a retardar compras e embarques de soja já adquirida na América do Sul. Ora, como há uma expectativa de recorde de safra nos EUA para este ano de 2014 (somente a área semeada com soja deverá crescer em 6,5% por lá), caso o clima ajude, os EUA se fechará para a estratégia chinesa de repassar o produto sul-americano. É por isso que operadores de mercado informam que trituradoras chinesas estariam planejando um calote conjunto nas compras efetuadas na América do Sul para as próximas semanas e/ou meses. Fala-se de novas devoluções na ordem de 1,2 milhão de toneladas. Já se projeta um recuo nos preços mundiais da soja, para o segundo semestre, em função da oferta e demanda natural. Pode-se imaginar a queda de preços da soja, que ocorrerá então, se a China realmente adotar tal medida e não tivermos outras estratégias de escoamento da oleaginosa.


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