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sexta-feira, 2 de maio de 2014

TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
03/05/2014

ENERGIA: MÁ GESTÃO PÚBLICA CUSTA CARO
No início de 2013, pressionado pela situação da Petrobrás, que acusava constantes déficits financeiros em função de estar sendo usada para subsidiar os preços dos combustíveis na esteira da crise mundial de 2007/08 (para evitar uma pressão inflacionária maior, o governo, particularmente a partir de 2010 – ano de eleições presidenciais -, forçou a Petrobrás a vender gasolina e diesel abaixo do preço equivalente ao custo de suas compras externas de petróleo e derivados), o governo se viu obrigado a adequar parcialmente a defasagem entre os preços internos e os custos de importação dos combustíveis. Tal adequação se deu pelo aumento no preço interno da gasolina e do diesel. Mesmo sendo insuficiente, a mesma resultaria em pressão inflacionária indesejável. Para compensar tal situação, o governo decidiu reduzir o custo da energia elétrica para os consumidores. Para tanto, criou um novo problema, desta vez com as distribuidoras de energia que, impossibilitadas de aumentar os preços do insumo, ameaçaram reduzir os investimentos no setor, indicando mesmo um colapso na oferta de energia. Isso levou o governo a usar o Tesouro Nacional para compensar as distribuidoras, aumentando o déficit público. Na prática, o governo Dilma passou a realizar a mesma temerária e incompetente gestão no setor da energia elétrica que vinha sendo executada no setor dos combustíveis. Ou seja, não aumentar os preços do insumo, empurrando “de barriga” o problema para mais adiante. Na economia é sabido que a protelação de ajustes de preços somente piora o problema no futuro. No caso da energia elétrica, a realidade ficou ainda mais complexa com a necessidade de colocar em funcionamento as termelétricas (muito mais caras e poluentes) diante da redução do regime de chuvas junto aos principais reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e Nordeste do país a partir do verão 2013/14.

ENERGIA: MÁ GESTÃO PÚBLICA CUSTA CARO (II)
Assim, em pouco tempo o artificialismo na redução dos preços da energia elétrica dá lugar a uma dura realidade. Ou seja, as distribuidoras de energia continuam precisando de financiamento público para reduzirem seu prejuízo pela falta de reajuste no preço da energia elétrica, enquanto a geração desta energia se torna escassa, com risco de apagões, além de mais cara. O resultado disso tudo é que a Aneel (agência reguladora nacional do setor energético brasileiro) se viu obrigada, neste primeiro semestre de 2014, a autorizar aumentos estratosféricos às distribuidoras de energia. Os mesmos são da ordem de 30% a 35% anuais. Até o final do ano todas as distribuidoras acabarão sendo contempladas com reajustes semelhantes. Ou seja, o represamento político dos preços da energia elétrica, feito no início de 2013, ajudou no curtíssimo prazo a sociedade, porém, além de causar um aumento no consumo da mesma, apenas protelou os ajustes necessários para que o setor funcione minimamente já que faltam investimentos em infraestrutura para que se possa dar conta da crescente demanda nacional. E o pior é que novos aumentos deverão ocorrer em 2015. O próprio governo já acena com a necessidade de reajustar a energia elétrica em pelo menos 19%, em média, no próximo ano, mesmo que as chuvas retornem e a geração da mesma se normalize. Estamos, portanto, diante de um evidente recrudescimento anunciado da inflação nos meses futuros (trata-se aqui da inflação real, aquela que bate no bolso dos brasileiros diariamente).

ENERGIA: MÁ GESTÃO PÚBLICA CUSTA CARO (III)
Para completar o quadro da incompetência gerencial do governo nestes últimos anos, os combustíveis igualmente terão que seguir na mesma linha sob pena de a Petrobrás se “inviabilizar” definitivamente. Técnicos da área dão conta de uma defasagem ao redor de 23% nos preços atuais dos combustíveis. Ou seja, teremos aí mais um enorme fator de pressão sobre os preços em 2015 (antes das eleições, em função do casuísmo político de praxe, dificilmente algo será feito). O que chama a atenção é que tal situação era óbvia e o governo, mesmo assim, preferiu seguir adiante. Agora, feito o estrago, os brasileiros são convidados a pagar a conta. E, nestes casos, assim como na iniciativa privada, quanto mais tempo durarem as ações incompetentes de gestão, maior será o custo social para sua correção. Como já alertamos no ano passado, 2014 está sendo pior do que 2013, porém, ainda será melhor do que 2015. É o custo de um intervencionismo estatal na economia que, infelizmente, o atual governo privilegiou, sem ter as condições estruturais produtivas e muito menos a competência administrativa para tanto.    


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