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quarta-feira, 16 de abril de 2014

A CHINA VOLTA A PREOCUPAR O MERCADO DA SOJA

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
CEEMA/DACEC/UNIJUI
16/04/2014


O mercado mundial da soja depende muito, nos últimos anos, do comportamento comprador da China. Esse país deverá importar 63% do total a ser comercializado pelo mundo no corrente ano comercial. Pois os chineses ameaçam voltar a uma estratégia já realizada em 2004. Na época, após o bushel de soja atingir a US$ 10,45 no início de abril daquele ano, a China começou a devolver soja ao Brasil e Argentina sob a acusação de que a mesma estava contaminada por fungicida. O evento ficou conhecido como “soja vermelha”. Ocorre que até então os chineses aceitavam normalmente certo teor de grãos tratados com esse fungicida nas cargas compradas. Ou seja, na prática o objetivo era derrubar os preços mundiais da oleaginosa. E conseguiram! No final de julho do mesmo ano o bushel já estava em US$ 5,99, tendo atingido mesmo US$ 5,02 no início de novembro de 2004, com auxílio de uma colheita normal nos EUA. Pois agora, neste mês de abril de 2014, os chineses enfrentam altos estoques, margens negativas em suas indústrias moageiras, redução do consumo interno pela queda do crescimento econômico e o retorno da gripe aviária em determinadas regiões de produção avícola, grandes problemas de logística portuária, além dos altíssimos preços mundiais da soja. Diante disso, passaram a direcionar cargas de soja, compradas no Brasil e na Argentina, para os EUA (os baixos estoques estadunidenses têm auxiliado a viabilizar tal estratégia). Muitas cargas brasileiras, inclusive, estariam sendo direcionadas pelos chineses, para a África. Igualmente passaram a retardar compras e embarques de soja já adquirida na América do Sul. Ora, como há uma expectativa de recorde de safra nos EUA para este ano de 2014 (somente a área semeada com soja deverá crescer em 6,5% por lá), caso o clima ajude, os EUA se fechará para a estratégia chinesa de repassar o produto sul-americano. É por isso que operadores de mercado informam que trituradoras chinesas estariam planejando um calote conjunto nas compras efetuadas na América do Sul para as próximas semanas e/ou meses. Já se projeta um recuo nos preços mundiais da soja, para o segundo semestre, em função da oferta e demanda natural. Pode-se imaginar a queda de preços da soja, que ocorrerá então, se a China realmente adotar tal medida e não tivermos outras estratégias de escoamento da oleaginosa.

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