Prof.
Dr. Argemiro Luís Brum
10/04/2014
O
Brasil não consegue melhorar sua performance comercial. Após o péssimo
resultado da balança comercial em 2013, passada a primeira semana de abril, a
realidade de 2014 se mostra ainda pior. Apenas dos primeiros quatro dias úteis
do corrente mês o déficit ficou em US$ 470 milhões. Assim, nos primeiros 65
dias úteis deste 2014 (de 01 de janeiro ao dia 04 de abril) o déficit comercial
brasileiro alcança um recorde de US$ 6,54 bilhões. Isso é resultado de US$
53,45 bilhões em exportações e US$ 59,99 bilhões em importações. Em
igual período do ano passado o saldo comercial era negativo de US$ 4,84
bilhões. Ou seja, em 2014 nosso déficit comercial aumentou em 35% nos primeiros
três meses do ano (e mais quatro dias de abril). Enquanto as exportações
recuaram, no período, de 3,87%, as importações caíram apenas 0,75%. Aliás,
nossa balança comercial teve o pior resultado do primeiro trimestre neste ano,
em relação aos últimos 21 anos! E, como já destacamos em outra oportunidade, o
problema não está no câmbio. Afinal, a média do primeiro trimestre de 2013 foi
de R$ 1,99 por dólar, enquanto a média do primeiro trimestre de 2014 ficou em
R$ 2,36. Ou seja, houve uma desvalorização do Real de 18,6% no comparativo
entre os dois trimestres e nem por isso nossas exportações deslancharam e
nossas importações frearam. Isso significa dizer que continuamos com sérios
problemas de competitividade em nossos produtos exportados. Além disso, nossos
principais parceiros comerciais (exceção feita aos EUA que inicia uma
recuperação econômica) freiam suas economias. Nos primeiros dois meses de 2014 a China liderava as
compras de produtos brasileiros, com 15,7% do total exportado pelo Brasil,
seguida pelos EUA com 12,3% e a Argentina com 7,4%. No ano 2000, no primeiro
bimestre, os EUA lideravam as compras de nossos produtos, com uma participação
de 25,1%, seguido da Argentina com 11,1%. A China se encontrava em 18º lugar
com apenas 1,2%. Ora, a Argentina, além da crise que vive, nos últimos anos vem
adotando uma política de bloqueio às compras oriundas do Brasil, enquanto a
China assiste a seu PIB recuar de uma média superior a 10% ao ano até 2011,
para algo em torno de 7% na atualidade. Soma-se a isso a opção política
brasileira em abrir negociações com mercados mais pobres, deixando parcialmente
de lado os grandes centros econômicos do mundo. Ora, os países mais pobres
continuam sentindo os efeitos da crise mundial e reduzindo suas compras
externas, na medida do possível, enquanto os mais ricos voltam às compras na
medida em que começam a superar, mesmo que lentamente, a crise. Enfim, outro
problema e não dos menores, a constância nas importações, mesmo com tamanha
desvalorização de nossa moeda, alimenta a inflação brasileira, pois os produtos
externos nos chegam bem mais caros em Reais.