:)

Pesquisar

quarta-feira, 2 de abril de 2014

O RECADO

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
03/04/2014

A economia é uma ciência que não oferece espaços para aventuras. Particularmente se as mesmas ocorrem na gestão estatal. Mais dia menos dia ela acaba cobrando seu preço. Assim, gestões populistas, alimentadas seguidamente pelo fermento demagógico, que levam os governantes a prometerem e até mesmo tentarem executar ações onde os gastos superam as receitas, seguidamente desviadas por interesses particulares e corrupção, acabam sendo duramente penalizadas. Atualmente a Venezuela e a Argentina, para citar apenas dois países, amargam uma crise aguda porque seus governantes não souberam discernir entre colocar o Estado como agente do desenvolvimento ou usar o Estado como elemento central da condução econômica a qualquer custo. Aqui no Brasil, em 2002, o então candidato Lula foi obrigado a acalmar o mercado, pois sua postura nacionalista já ultrapassada provocava uma corrida de capitais para fora do país, a ponto de nossa moeda chegar próximo de R$ 4,00 por dólar. Poucos têm entendido a evolução econômica mundial nestas últimas décadas. Não se trata de eliminar o Estado do processo econômico. Trata-se de inseri-lo no contexto como um agente eficiente, que organize o processo de crescimento da economia. Ou seja, não há como melhorar a qualidade de vida de uma Nação, alcançando o desenvolvimento, sem que igualmente o setor público esteja presente, porém, muito bem gerenciado. Portanto, não há como avançar sem compor com o capital, criando as condições para que o mesmo se transforme em agente produtivo, tendo o Estado como elemento organizador do processo. Nesse contexto, assustado com a má gestão econômica brasileira nestes últimos anos, o mercado enviou um recado. O mesmo exultou com o resultado negativo que o atual governo recebeu na recente pesquisa de opinião. Como consequência houve forte retorno dos capitais externos ao país, a ponto de trazer, em poucos dias, o Real para R$ 2,26 por dólar (patamar que as ações do Banco Central não conseguiam) e incrementar o índice da Bovespa de forma espetacular. Dito de outra forma, o mercado não aprova a gestão econômica do atual governo, a qual resulta em sérios problemas estruturais no país, indicando que é necessária uma mudança consistente de postura junto aos governantes que serão eleitos neste ano. De fato, nestes últimos anos o Brasil perdeu o rumo e mudanças profundas se fazem necessárias se quisermos manter a estabilidade econômica e sermos, um dia, desenvolvidos. Afinal, por mais importantes que sejam as ambições sociais de um governo, as mesmas somente se concretizarão, num contexto de sustentabilidade, se o setor público estiver saneado economicamente, coisa que está longe de ocorrer no Brasil de hoje.


Postagens Anteriores