Não
é de hoje que alertamos que alguns dados econômicos brasileiros e suas
interpretações oficiais não “batem” com a realidade nacional. Por sua vez, analistas
internacionais, ainda no final de 2012, se encarregaram de escancarar a
realidade brasileira ao denunciar que muitos dados econômicos oficiais vinham
sendo maquiados. Essa acusação perpassou todo o ano de 2013 a ponto da
credibilidade de nosso governo, na condução econômica nacional, cair
rapidamente no cenário mundial, acompanhando o que já vem acontecendo na
Argentina desde 2007. No campo do emprego, por exemplo, desde que o discurso do
“pleno emprego” ganhou força nos meios oficiais de nosso país, procuramos
demonstrar que o mesmo não se sustentava. A metodologia utilizada para o seu
cálculo deixava a desejar, assim como certas ações sociais do governo poderiam
estar acomodando as pessoas na procura por emprego. Além disso, o que havia era
falta de oferta de mão-de-obra qualificada, pois se resumia proporcionalmente a
uma minoria de brasileiros, fato que escancarava outro problema: a carência na
educação em geral e na formação profissional em nosso país. Pois nestas últimas
semanas o IBGE se encarregou de comprovar que os alertas tinham razão de ser. O
órgão oficial, um dos mais importantes banco de dados nacional, decidiu sair da
politização a que foi guindado pelo atual governo, e retomar sua autonomia, ao
reestruturar a metodologia de cálculo do desemprego no país, criando uma
metodologia mais acurada, em torno da chamada Pnad Contínua. E já na primeira
informação sob a nova metodologia, o desemprego oficial no Brasil em 2013
saltou para 7,1% e não os 5,4% medidos pela antiga fórmula. Obviamente,
tentando a reeleição, o governo federal não gostou de ver a realidade (o índice
de desemprego anterior era um dos únicos aspectos econômicos positivos do atual
governo, nos últimos anos) e decidiu suspender a divulgação dos dados
atualizados da Pnad Contínua (prevista para o próximo mês de julho), deixando
entender que os números do desemprego são piores neste primeiro semestre de 2014. A intenção é divulgar
novos dados a respeito apenas em 2015, após as eleições e a revisão da nova
metodologia. Diante disso, a diretora de pesquisa do IBGE pediu demissão em
protesto contra um distanciamento oficial do rigor técnico (18 coordenadores e
gerentes do Instituto ameaçaram se exonerar igualmente). Ou seja, todas as
estatísticas oficiais brasileiras entram agora em suspeição. Quando
se alerta que o atual governo está “argentinizando” o Brasil, casos graves como
este (sem falar na recente pesquisa do IPEA) confirmam a tendência e merecem o
repúdio por parte dos brasileiros.
:)
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