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segunda-feira, 10 de março de 2025

PIB POSITIVO E SUA TENDÊNCIA (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

O PIB de 2024 veio muito positivo. O crescimento da economia alcançou 3,4% no ano passado, superando de longe as expectativas do início daquele ano, que eram de algo ao redor de 1%. Alguns pontos merecem destaque nesta performance: 1) o crescimento se deu sobre uma base elevada, já que o PIB anterior foi de 3,2%, fato que é relevante; 2) seu resultado é o segundo melhor nestes últimos 11 anos, marcados por forte recessão econômica no país e a crise pandêmica; 3) o consumo das famílias cresceu 4,8% demonstrando que um pouco mais de renda à disposição das pessoas aquece rapidamente a economia; 4) os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) cresceu robustos 7,3%, indicando potencial de crescimento futuro; 5) as importações cresceram 14,7%, sendo parte em compras de capital, o que representa investimentos na produção; 6) indústria e serviços cresceram, na esteira da maior massa salarial à disposição; e 7) infelizmente a agropecuária registrou comportamento negativo, atingida novamente pelo clima e forte endividamento do setor. Em síntese, o resultado foi muito bom e dentro do que o governo buscava. Agora, é preciso entender como se chegou ao mesmo e para onde vamos em 2025. No primeiro caso, a grande alavanca foram os programas de transferência de renda do governo, às quais se soma a fortíssima desoneração fiscal junto às empresas que atuam em território nacional. Ajudou também a redução do juro básico (a Selic, até setembro, estava em 10,5%, após iniciar o ano em 11,75%) e a estabilização do câmbio até meados de novembro em níveis relativamente aceitáveis (a média cambial, no primeiro semestre do ano passado, foi de R$ 5,08 por dólar, passando para R$ 5,58 no segundo semestre, até o dia 15/11). Ao mesmo tempo, com um Real mais fortalecido, as empresas importaram mais e buscaram se equipar com melhor tecnologia. Todavia, essa alavancagem provocou um aumento da dívida pública, a qual o governo tenta, via arcabouço fiscal, controlar. Para se ter uma ideia, em 2014 a dívida bruta do governo geral atingiu a R$ 3,2 trilhões, o que representou 63,4% do PIB. No final de 2024, esta dívida atingiu a 76,1% do PIB, alcançando um total de R$ 9,0 trilhões. Somente de juros nominais, no ano passado, o governo pagou R$ 950,4 bilhões, contra R$ 243 bilhões em 2014. Ou seja, em 11 anos o crescimento do problema é significativo, não há como relativizar. Como resultado, tem-se um recrudescimento da inflação, tornando insustentável a estratégica de crescermos com inflação. Ciente disso, o Banco Central busca contê-la via aumento de juros (a tendência é a Selic fechar o ano em 15%, ou mais). De quebra, isso ajuda a segurar a desvalorização do Real (que também gera inflação), porém, inibe os investimentos, o emprego e o PIB. Assim, para 2025, o PIB tende a ficar menor (as estimativas atuais apontam para 2%). Ou seja, somos obrigados a desaquecer a economia porque a atual estrutura econômica, que se busca lentamente ajustar, não suporta novos crescimentos sobre uma base de gastos públicos crescentes, geradores de inflação, sob o risco de “argentinizarmos” o país. Por enquanto, o retrato continua sendo de um país com altos e baixos, que permanece estagnado na média de longo prazo.

 

 


quinta-feira, 6 de março de 2025

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

 28/02/2025 a 06/03/2025


Já está disponível o mais recente informativo da CEEMA-UNIJUÍ.

Para acessá-lo e acompanhar as mudanças mais recentes nesses mercados, clique aqui. 

segunda-feira, 3 de março de 2025

BAIXA REMUNERAÇÃO + INFLAÇÃO = INADIMPLÊNCIA (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Estar endividado não é o maior problema, desde que se tenha condições de pagar a dívida feita. No caso do Brasil, o problema é que a população sobrevive endividada e, em boa parte dos casos, não tem como pagar os compromissos assumidos, gerando uma alta inadimplência. Se por um lado o desemprego caiu significativamente, pelos dados oficiais, por outro lado a remuneração do trabalho é muito baixa. Cerca de 80% dos brasileiros que trabalham ou estão aposentados, ganham até 2,4 salários mínimos atuais, sendo que uma maioria percebe apenas um salário mínimo. Ora, com a inflação em disparada (a prévia da inflação de fevereiro/25, medida pelo IPCA-15, disparou para 1,23%, contra 0,11% em janeiro), esta sob efeito do Bônus Itaipu, acumulando em 12 meses 4,96%, sendo que o teto da meta é de 4,5% para o corrente ano) e o juro básico caminhando para ultrapassar os 15% no final de 2025, a equação não fecha e o brasileiro continua empobrecendo e se inviabilizando economicamente. A ilusão de crescimento robusto aparece claramente nestes dados: ele existe, mas não pela capacidade de consumo real do brasileiro e sim porque o Estado mantém políticas sociais intensas que artificializam o processo. Ou seja, não é nossa capacidade de produção e consumo que nos faz crescer, e sim a presença do Estado de forma sistemática. O problema é que o Estado, para fazer isso, aumenta o seu déficit público, pois não consegue cortar gastos na outra ponta. Em aumentando o déficit, gera condições para a disparada inflacionária, desvalorização cambial (que ajuda a gerar inflação), levando o Banco Central a aumentar o juro buscando segurar esta última. Assim, em janeiro/25 em torno de 85% dos brasileiros possuíam contas em atraso, segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e o Serviço de Proteção ao Crédito. Hoje, mais de 43% da população adulta nacional é inadimplente, o que corresponde a mais de 73 milhões de brasileiros. Entre os idosos (de 60 anos ou mais), aproximadamente 40% estão inadimplentes. Eles também são os que menos conseguem negociar suas dívidas: entre os vários grupos etários, apenas 2,18% foram beneficiados por programas como o Serasa Limpa Nome. Para piorar o quadro, outras duas constatações: uma grande maioria está se endividando para comprar alimentos (57% no caso gaúcho); e esta dívida, onde parte vira inadimplência, é feita sobretudo com o cartão de crédito, cujo o juro no país é um dos mais elevados do mundo, superando os 450% aa (mais de 27% dos brasileiros estão nesta situação atualmente). Em tal estágio, não basta apenas educação financeira. É preciso cortar fundo nas despesas, incluindo, infelizmente, despesas de alimentação, ou seja, de sobrevivência. A situação é alarmante, sendo que uma das causas principais é conhecida e vem de décadas (o Estado brasileiro gasta muito e mal, gerando concentração de renda), mas os poderes públicos do país, com raras exceções, insistem em não agir, preferindo a defesa de seus privilégios em detrimento do coletivo.

  

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