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segunda-feira, 3 de março de 2025

BAIXA REMUNERAÇÃO + INFLAÇÃO = INADIMPLÊNCIA (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Estar endividado não é o maior problema, desde que se tenha condições de pagar a dívida feita. No caso do Brasil, o problema é que a população sobrevive endividada e, em boa parte dos casos, não tem como pagar os compromissos assumidos, gerando uma alta inadimplência. Se por um lado o desemprego caiu significativamente, pelos dados oficiais, por outro lado a remuneração do trabalho é muito baixa. Cerca de 80% dos brasileiros que trabalham ou estão aposentados, ganham até 2,4 salários mínimos atuais, sendo que uma maioria percebe apenas um salário mínimo. Ora, com a inflação em disparada (a prévia da inflação de fevereiro/25, medida pelo IPCA-15, disparou para 1,23%, contra 0,11% em janeiro), esta sob efeito do Bônus Itaipu, acumulando em 12 meses 4,96%, sendo que o teto da meta é de 4,5% para o corrente ano) e o juro básico caminhando para ultrapassar os 15% no final de 2025, a equação não fecha e o brasileiro continua empobrecendo e se inviabilizando economicamente. A ilusão de crescimento robusto aparece claramente nestes dados: ele existe, mas não pela capacidade de consumo real do brasileiro e sim porque o Estado mantém políticas sociais intensas que artificializam o processo. Ou seja, não é nossa capacidade de produção e consumo que nos faz crescer, e sim a presença do Estado de forma sistemática. O problema é que o Estado, para fazer isso, aumenta o seu déficit público, pois não consegue cortar gastos na outra ponta. Em aumentando o déficit, gera condições para a disparada inflacionária, desvalorização cambial (que ajuda a gerar inflação), levando o Banco Central a aumentar o juro buscando segurar esta última. Assim, em janeiro/25 em torno de 85% dos brasileiros possuíam contas em atraso, segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e o Serviço de Proteção ao Crédito. Hoje, mais de 43% da população adulta nacional é inadimplente, o que corresponde a mais de 73 milhões de brasileiros. Entre os idosos (de 60 anos ou mais), aproximadamente 40% estão inadimplentes. Eles também são os que menos conseguem negociar suas dívidas: entre os vários grupos etários, apenas 2,18% foram beneficiados por programas como o Serasa Limpa Nome. Para piorar o quadro, outras duas constatações: uma grande maioria está se endividando para comprar alimentos (57% no caso gaúcho); e esta dívida, onde parte vira inadimplência, é feita sobretudo com o cartão de crédito, cujo o juro no país é um dos mais elevados do mundo, superando os 450% aa (mais de 27% dos brasileiros estão nesta situação atualmente). Em tal estágio, não basta apenas educação financeira. É preciso cortar fundo nas despesas, incluindo, infelizmente, despesas de alimentação, ou seja, de sobrevivência. A situação é alarmante, sendo que uma das causas principais é conhecida e vem de décadas (o Estado brasileiro gasta muito e mal, gerando concentração de renda), mas os poderes públicos do país, com raras exceções, insistem em não agir, preferindo a defesa de seus privilégios em detrimento do coletivo.

  

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