A primeira metade do governo Lula 3 se caracterizou pela aceleração do gasto público. O resultado foi um aumento do PIB, forte redução do desemprego (embora os empregos criados, em boa parte, foram de baixa qualidade), aumento substancial dos gastos familiares, importante endividamento e inadimplência da população, aumento da inflação, superando o teto da meta, e forte aumento da Selic a partir de setembro/24. Agora, entramos na segunda parte do mandato Lula 3, tendo no horizonte as eleições presidenciais do final de 2026. O que fará o governo com a economia, já que seu objetivo natural é continuar no poder? Boa parte dos economistas, na qual me incluo, fizeram projeções de aperto na economia para o primeiro período do mandato. Tais previsões tinham por base que o governo seria responsável em relação ao ajuste fiscal, priorizando o ajuste monetário em relação ao aumento do gasto público. Ocorreu o contrário, com o governo aumentando os gastos e desdenhando em boa parte o ajuste monetário, apesar dos esforços da equipe econômica a partir de um determinado momento. Assim, chegamos hoje com a demanda interna crescendo mais do que o crescimento da economia, fato gerador de inflação. E isso obriga a um fortíssimo aumento do juro básico Selic (atualmente em 14,25%) para tentar contê-la. Cristaliza-se o embate entre a política fiscal expansionista (isenção de impostos, aumento do gasto público etc) e a política monetária contracionista (aumento do juro, menos dinheiro em circulação etc). O fato é que, como resultado da primeira metade do atual mandato Lula 3, tem-se que o cenário da dívida pública é muito pior do que se imaginava, com a economia batendo no limite da capacidade produtiva. Ou seja, quanto mais o governo avançar nos gastos, mais inflação haverá, maior será a dívida pública, pois o corte de gastos públicos não avança a contento, e a capacidade produtiva do país não acompanha a demanda. Criou-se importantes desequilíbrios econômicos que levam a apontar, para 2025, um ano de aumento do juro (já se fala em 16% de Selic para o final do ano), freio na economia, inflação ainda pressionando, e retorno do desemprego. Ou seja, poderemos ter um cenário de estagflação (economia estagnando com inflação elevada, o que é péssimo), ou uma recessão técnica no segundo semestre (dois trimestres consecutivos com PIB negativo), resultado do remédio amargo que começa a ser ingerido para conter os exageros da primeira parte do mandato. Já para 2026, ano de eleições, “duas dúvidas pairam no ar: como Lula se comportará quando ficar claro a falta de sincronia entre o ciclo monetário e o ciclo eleitoral (o aperto de cinto, para colocar a economia nos trilhos, não atrai votos); e como se comportará o Banco Central, ou seja, manterá firme sua política de ajuste estrutural ou irá ceder às pressões políticas eleitorais e soltar as rédeas da economia” (Cf. Pessoa, S. Revista Conjuntura Econômica, FGV, janeiro/25, pp. 14-16).
:)
Pesquisar
Postagens Anteriores
- julho (4)
- junho (9)
- maio (9)
- abril (8)
- março (9)
- fevereiro (6)
- dezembro (8)
- novembro (8)
- outubro (9)
- setembro (9)
- agosto (9)
- julho (9)
- junho (8)
- maio (9)
- abril (9)
- março (8)
- fevereiro (8)
- dezembro (7)
- novembro (8)
- outubro (9)
- setembro (8)
- agosto (9)
- julho (9)
- junho (9)
- maio (9)
- abril (8)
- março (9)
- fevereiro (7)
- dezembro (6)
- novembro (8)
- outubro (9)
- setembro (9)
- agosto (9)
- julho (8)
- junho (9)
- maio (9)
- abril (8)
- março (9)
- fevereiro (7)
- dezembro (6)
- novembro (9)
- outubro (8)
- setembro (9)
- agosto (9)
- julho (9)
- junho (8)
- maio (9)
- abril (9)
- março (9)
- fevereiro (6)
- dezembro (7)
- novembro (9)
- outubro (9)
- setembro (8)
- agosto (9)
- julho (9)
- junho (9)
- maio (8)
- abril (9)
- março (9)
- fevereiro (6)
- dezembro (6)
- novembro (8)
- outubro (10)
- setembro (8)
- agosto (9)
- julho (9)
- junho (8)
- maio (10)
- abril (8)
- março (8)
- fevereiro (6)
- dezembro (7)
- novembro (8)
- outubro (10)
- setembro (8)
- agosto (10)
- julho (8)
- junho (9)
- maio (9)
- abril (8)
- março (9)
- fevereiro (7)
- dezembro (6)
- novembro (10)
- outubro (8)
- setembro (8)
- agosto (10)
- julho (8)
- junho (10)
- maio (8)
- abril (7)
- março (11)
- fevereiro (6)
- dezembro (8)
- novembro (8)
- outubro (8)
- setembro (10)
- agosto (8)
- julho (10)
- junho (8)
- maio (8)
- abril (8)
- março (10)
- fevereiro (6)
- dezembro (9)
- novembro (8)
- outubro (10)
- setembro (8)
- agosto (8)
- julho (10)
- junho (8)
- maio (8)
- abril (10)
- março (9)
- fevereiro (8)
- dezembro (7)
- novembro (9)
- outubro (9)
- setembro (9)
- agosto (8)
- julho (11)
- junho (11)
- maio (15)
- abril (14)
- março (16)
- fevereiro (12)
- dezembro (8)
- novembro (13)
- outubro (11)
- setembro (13)
- agosto (14)
- julho (12)
- junho (16)
- maio (10)
- abril (3)