Prof.
Dr. Argemiro Luís Brum
05/06/2014
Estudo
divulgado por pesquisadores israelenses (cf. Nahum Sirotsky, ZH 12/05/2014,
p.23) mostra que a eliminação e falta de postos de trabalho se dá pela
velocidade das transformações tecnológicas que ocorrem no mundo (hoje, ter
diploma de datilógrafo não serve mais para nada, por exemplo). Assim, mão de
obra sem especialização está condenada a tentar sobreviver com salários
insuficientes ou por meio de programas sociais dos governos, até o ponto em que
os governos agüentem o custo de tal ação. Paradoxalmente, na medida em que
cresce o desemprego nesta lógica, aumentam as ofertas de oportunidades de
trabalho relacionadas às novas tecnologias. Isso exige que as pessoas estejam
sempre estudando, atualizando seus conhecimentos. Portanto, o desemprego
existente hoje em grande parte dos países é de natureza estrutural,
principalmente junto àqueles que pouco fazem pela educação de seus cidadãos, a
não ser contar estatísticas. Quem não entender isso pouco dará de si para
alterar o quadro, esperando que “caia do céu” a solução. Ora, as ofertas de
trabalho que estão surgindo jamais serão semelhantes às que desapareceram.
Desta forma, os empregos não estão no fim. O que está no fim são as sociedades
que não compreendem as mudanças irreversíveis que o mundo vive e não se
preparam para delas participarem. Torna-se urgente “conjugarmos no Brasil, por
exemplo, a educação e formação do cidadão com as inovações e desenvolvimentos
tecnológicos”. As portas para o desenvolvimento continuam existindo, porém, as
nações somente passarão por elas se entenderem que “a fila anda”. Ou seja, o
preço é alto para aqueles que ficam parados em um mundo dinâmico. O mesmo se
chama exclusão do processo produtivo em termos individuais e marginalização nas
relações socioeconômicas entre países. Nesse contexto, em que direção caminha o
Brasil? No estado atual das coisas, no rumo contrário ao necessário, pois a
formação de nossa mão de obra está em mãos de um sistema de ensino que, dentre
outras coisas, segundo Cláudio Haddad (cf. Veja, 07/05/2014, p. 19-23), “além
de apostar em provas com viés ideológico, com alta dose de subjetividade e um
olhar simplista sobre as grandes questões da atualidade, onde a maioria de seus
educadores continua mergulhada em ideologia antiempresa, antilucro,
antimercado, tratando de plantar essa visão na cabeça dos estudantes, também
espalha indiscriminadamente universidades pelo Brasil, sob o discurso do
desenvolvimento regional, desperdiçando dinheiro e baixando o nível de todos”.