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sábado, 31 de maio de 2014

TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
31/05/2014

FREIO NA ALTA DA SELIC
Pela primeira vez, desde abril de 2013, quando iniciou o novo processo de alta no juro básico (Selic), o Copom decidiu manter a taxa. Isso ocorreu em sua reunião deste final de maio/14 e a referida taxa ficou em 11% ao ano. Já é do conhecimento geral que, após tentar baixar os juros “no grito”, em 2012, sem os ajustes necessários na economia para que tal procedimento desse resultado palpável, o governo acabou causando um estímulo adicional ao consumo sem uma capacidade produtiva e de infraestrutura que pudesse responder ao mesmo. O resultado foi o recrudescimento da inflação. A mesma, desde então, não pára de subir na média, estando hoje projetada, pelo mercado, em 6,4% para o final deste ano. Ou seja, praticamente no teto da meta. Não podemos esquecer que o objetivo oficial era chegar ao centro da meta, isto é, 4,5% ao ano. Para os padrões atuais da economia mundial e brasileira, a derrapada de preços é considerável. Sem ter as condições, a capacidade e mesmo o desejo de realizar, no imediato, reformas estruturais que pudessem colaborar para estancar o processo inflacionário atual, o governo se viu obrigado a retroceder de sua política desenvolvimentista, com alto grau de intervencionismo na economia, e engrenar na prática monetarista.

FREIO NA ALTA DA SELIC (II)
Esse movimento se cristalizou com a retomada no aumento do juro básico, fato que fez a Selic sair de 7,25% em abril de 2013 para os atuais 11% desde abril de 2014. Com ela, os demais juros subiram rapidamente e até em proporção maior. Resultado: a economia, que já vinha com um crescimento pífio, viu piorar o seu quadro. Com o agravante que a geração de empregos se reduziu consideravelmente, assim como o próprio desemprego real se pôs a aumentar. Em época de eleições presidenciais, obviamente uma realidade indesejável para quem busca se reeleger. Na lógica monetária, o mais indicado seria aumentar novamente a Selic, provavelmente em mais 0,25 ponto percentual nesta reunião de maio. Afinal, a inflação de médio e longo prazo não dá sinais de redução. Especialmente se considerarmos os reajustes da energia elétrica e os futuros aumentos nos preços dos combustíveis. Todavia, como continuar aumentando os juros diante de uma projeção de crescimento do PIB de apenas 1,6% para 2014? Particularmente, após o Brasil assistir a um crescimento médio nestas dimensões desde 2009 (a exceção foi 2010, por motivos pontuais). Nesse contexto, o governo ficou em uma encruzilhada: manter o foco no combate à inflação, freando a economia via aumento do juro, por não ter feito antes os ajustes estruturais, ou dar um pequeno fôlego ao sistema produtivo, esperando não penalizar tanto o crescimento econômico e, com isso, impedir um desemprego maior às vésperas da eleição.

FREIO NA ALTA DA SELIC (III)

No curto prazo, a decisão foi pelo segundo caminho, embora a mesma não seja suficiente para reverter o quadro de baixo crescimento, pois tal quadro é de natureza estrutural e exige medidas duras de correção. Ao mesmo tempo, a própria declaração do Copom, ao anunciar a manutenção da taxa básica, ao final de sua reunião, informa que a decisão é “de momento”. Ou seja, não estamos diante de uma reversão de tendência dos juros nacionais e sim uma parada momentânea que não deverá durar muito tempo. Sobretudo porque, na vida das pessoas, a inflação elevada continua sendo pior do que um crescimento econômico baixo. Pelo sim ou pelo não, entretanto, uma coisa é certa: sem ajustes estruturais na economia e no funcionamento do Estado brasileiro, via reformas profundas, não conseguiremos crescer de forma sustentável sem gerarmos um processo inflacionário considerável.  

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