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sexta-feira, 23 de maio de 2014

PLANO SAFRA 2014: ALGUMAS CONSTATAÇÕES

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
CEEMA/DACEC/UNIJUI
27/05/2014


O governo brasileiro acaba de anunciar o chamado Plano Safra 2014/15. O mesmo destina R$ 156,1 bilhões ao setor primário em geral, sendo R$ 112 bilhões para custeio e R$ 44,1 bilhões para investimentos. No total, o aumento no volume de recursos, sobre o ano passado, é de 14,7%. Algumas constatações em torno do tema: 1) o setor primário brasileiro, desde que a modernização da agricultura se instalou no país, nos anos de 1950/60, sempre foi privilegiado pelos governos em relação aos demais setores da economia; 2) esse privilégio, que não é pecado, se deve ao reconhecimento de que o agronegócio é fundamental para o avanço econômico do Brasil, mesmo que certos discursos ideológicos confundam as coisas, por vezes propositalmente; 3) nos últimos 10 anos, o volume de recursos ao setor primário nacional, via Planos Safras, cresceu 295,7% (em 2004/05 ele era de R$ 39,45 bilhões). Não há setor na economia brasileira, salvo engano, que tenha ganhado tamanho apoio no mesmo período; 4) mesmo que a média de juros anual tenha passado para 6,5% (aumento de um ponto percentual sobre o ano anterior), o custo do dinheiro ao setor continua muito baixo, sendo constantemente subsidiado. Afinal, o juro de mercado às pessoas físicas no Brasil ultrapassa hoje 95% ao ano e para as empresas urbanas chega ao redor de 50% anuais; 5) este procedimento existe em diferentes países, porém, fragiliza a posição internacional brasileira no sentido de exigir retirada integral de subsídios agrícolas junto aos países desenvolvidos; 6) aliás, por ser um setor sensível às intempéries e ataque de doenças de toda ordem, é justo que o mesmo acabe tendo maior proteção, fato que ajuda explicar porque o mundo não retira os subsídios ao mesmo e jamais o retirará; 7) os produtores rurais naturalmente se preocupam com o aumento do juro agrícola anunciado, porém, o mesmo está dentro da nova lógica oficial que deve passar a comandar o país: torna-se urgente e improrrogável o ajuste das contas públicas. Enquanto o mesmo não é feito junto aos gastos de custeio do Estado, o governo trata de encontrar caminhos nos investimentos, penalizando o setor produtivo. Esta tendência de ajustes deverá continuar, qualquer que seja o governo eleito em outubro; 8) enfim, se houve um período recente de “vacas gordas” no setor primário nacional, o mesmo está terminando, assim como já acabou há algum tempo para o restante do país.

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