Prof.
Dr. Argemiro Luís Brum
29/05/2014
Quando
o atual processo de globalização acelerou sua influência sobre a sociedade
mundial, por volta de meados dos anos de 1980, muitos julgaram que o mesmo era
uma conseqüência do capitalismo em sua forma neoliberal e precisava ser
combatido. Especialmente porque gerava um potencial desemprego entre as nações
e, portanto, um custo social importante. O primeiro engano deste raciocínio foi
considerar que a globalização é dependente do capitalismo pura e simplesmente.
Na verdade, o ser humano se globaliza pelo Planeta desde que nele passou a
habitá-lo. O que muda é a velocidade desta globalização a partir da assimilação
que a sociedade é capaz de fazer dos avanços tecnológicos que ela gera. Ou
seja, a globalização avança em função dos ganhos tecnológicos que permitem ao
ser humano, não somente se deslocar fisicamente, mas, em particular, realizar
trocas comerciais, culturais e assim por diante. Em segundo lugar, e nesse
contexto, segmentos do capitalismo e, em especial a economia de mercado e o
setor financeiro, foram os que mais rapidamente perceberam as mudanças globais
que atingem a humanidade nestas últimas décadas. E, por assim o fazerem, são os
que melhor se prepararam para delas tirarem vantagens, muitas delas pouco
favoráveis ao bem-estar social em geral, é verdade. Em terceiro lugar, por não
entenderem que o processo mundial de globalização é histórico e irreversível,
muitas nações não se organizaram para com ele conviver. Isso assinou seu atraso
no cenário internacional, particularmente da economia. Obviamente se tornou
mais fácil culpar o ambiente externo do que reconhecer o erro estratégico
interno de percepção do mundo. Nessas condições, muito do desemprego existente
foi debitado à globalização da economia, quando na verdade o deveria ser na
falta de percepção dos governos e suas sociedades em torno das mudanças do
mundo. E, devido a isso, não investiram o suficiente na educação e formação de
seus cidadãos. E sem mão de obra qualificada, cai a produtividade do trabalho,
cai a rentabilidade e a competitividade de uma nação. Daí para um crescente
custo social que se cristaliza em eterno subdesenvolvimento é um passo. Desta
forma, a evolução tecnológica, inerente à evolução da humanidade em seu ritmo
globalizante, elimina postos de trabalho, é verdade, porém, cria outros tantos.
Na próxima coluna veremos como isso ocorre e suas relações com a realidade
brasileira.