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terça-feira, 27 de maio de 2014

O EMPREGO E A PERCEPÇÃO DO MUNDO (I)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
29/05/2014

Quando o atual processo de globalização acelerou sua influência sobre a sociedade mundial, por volta de meados dos anos de 1980, muitos julgaram que o mesmo era uma conseqüência do capitalismo em sua forma neoliberal e precisava ser combatido. Especialmente porque gerava um potencial desemprego entre as nações e, portanto, um custo social importante. O primeiro engano deste raciocínio foi considerar que a globalização é dependente do capitalismo pura e simplesmente. Na verdade, o ser humano se globaliza pelo Planeta desde que nele passou a habitá-lo. O que muda é a velocidade desta globalização a partir da assimilação que a sociedade é capaz de fazer dos avanços tecnológicos que ela gera. Ou seja, a globalização avança em função dos ganhos tecnológicos que permitem ao ser humano, não somente se deslocar fisicamente, mas, em particular, realizar trocas comerciais, culturais e assim por diante. Em segundo lugar, e nesse contexto, segmentos do capitalismo e, em especial a economia de mercado e o setor financeiro, foram os que mais rapidamente perceberam as mudanças globais que atingem a humanidade nestas últimas décadas. E, por assim o fazerem, são os que melhor se prepararam para delas tirarem vantagens, muitas delas pouco favoráveis ao bem-estar social em geral, é verdade. Em terceiro lugar, por não entenderem que o processo mundial de globalização é histórico e irreversível, muitas nações não se organizaram para com ele conviver. Isso assinou seu atraso no cenário internacional, particularmente da economia. Obviamente se tornou mais fácil culpar o ambiente externo do que reconhecer o erro estratégico interno de percepção do mundo. Nessas condições, muito do desemprego existente foi debitado à globalização da economia, quando na verdade o deveria ser na falta de percepção dos governos e suas sociedades em torno das mudanças do mundo. E, devido a isso, não investiram o suficiente na educação e formação de seus cidadãos. E sem mão de obra qualificada, cai a produtividade do trabalho, cai a rentabilidade e a competitividade de uma nação. Daí para um crescente custo social que se cristaliza em eterno subdesenvolvimento é um passo. Desta forma, a evolução tecnológica, inerente à evolução da humanidade em seu ritmo globalizante, elimina postos de trabalho, é verdade, porém, cria outros tantos. Na próxima coluna veremos como isso ocorre e suas relações com a realidade brasileira.



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