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quinta-feira, 22 de maio de 2014

TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
24/05/2014

O EMPREGO E A PERCEPÇÃO DO MUNDO
Quando o atual processo de globalização acelerou sua influência sobre a sociedade mundial, por volta de meados dos anos de 1980, muitos julgaram que o mesmo era uma conseqüência do capitalismo em sua forma neoliberal e precisava ser combatido. Especialmente porque gerava um potencial desemprego entre as nações e, portanto, um custo social importante. O primeiro engano deste raciocínio foi considerar que a globalização é dependente do capitalismo pura e simplesmente. Na verdade, o ser humano se globaliza pelo Planeta desde que nele passou a habitá-lo. O que muda é a velocidade desta globalização a partir da assimilação que a sociedade é capaz de fazer dos avanços tecnológicos que ela gera. Ou seja, a globalização avança em função dos ganhos tecnológicos que permitem ao ser humano, não somente se deslocar fisicamente, mas, em particular, realizar trocas comerciais, culturais e assim por diante. Em segundo lugar, e nesse contexto, segmentos do capitalismo e, em especial a economia de mercado e o setor financeiro, foram os que mais rapidamente perceberam as mudanças globais que atingem a humanidade nestas últimas décadas. E, por assim o fazerem, são os que melhor se prepararam para delas tirarem vantagens, muitas delas pouco favoráveis ao bem-estar social em geral, é verdade. Em terceiro lugar, por não entenderem que o processo mundial de globalização é histórico e irreversível, muitas nações não se organizaram para com ele conviver. Isso assinou seu atraso no cenário internacional, particularmente da economia. Obviamente se tornou mais fácil culpar o ambiente externo do que reconhecer o erro estratégico interno de percepção do mundo.

O EMPREGO E A PERCEPÇÃO DO MUNDO (II)
Nessas condições, muito do desemprego existente foi debitado à globalização da economia, quando na verdade o deveria ser na falta de percepção dos governos e suas sociedades em torno das mudanças do mundo. E, devido a isso, não investiram o suficiente na educação e formação de seus cidadãos. E sem mão de obra qualificada, cai a produtividade do trabalho, cai a rentabilidade e a competitividade de uma nação. Daí para um crescente custo social que se cristaliza em eterno subdesenvolvimento é um passo. Desta forma, a evolução tecnológica, inerente à evolução da humanidade em seu ritmo globalizante, elimina postos de trabalho, é verdade, porém, cria outros tantos. Recente estudo divulgado por pesquisadores israelenses (cf. Nahum Sirotsky, ZH 12/05/2014, p.23) mostra que a eliminação e falta de postos de trabalho se dá pela velocidade das transformações tecnológicas que ocorrem no mundo (hoje, ter diploma de datilógrafo não serve mais para nada, por exemplo). Assim, mão de obra sem especialização está condenada a tentar sobreviver com salários insuficientes ou por meio de programas sociais dos governos, até o ponto em que os governos agüentem o custo de tal ação. Paradoxalmente, na medida em que cresce o desemprego nesta lógica, aumentam as ofertas de oportunidades de trabalho relacionadas às novas tecnologias. Isso exige que as pessoas estejam sempre estudando, atualizando seus conhecimentos.

O EMPREGO E A PERCEPÇÃO DO MUNDO (III)

Portanto, o desemprego existente hoje em grande parte dos países é de natureza estrutural, principalmente junto àqueles que pouco fazem pela educação de seus cidadãos, a não ser contar estatísticas. Quem não entender isso pouco dará de si para alterar o quadro, esperando que “caia do céu” a solução. Ora, as ofertas de trabalho que estão surgindo jamais serão semelhantes às que desapareceram. Desta forma, os empregos não estão no fim. O que está no fim são as sociedades que não compreendem as mudanças irreversíveis que o mundo vive e não se preparam para delas participarem. Torna-se urgente “conjugarmos no Brasil, por exemplo, a educação e formação do cidadão com as inovações e desenvolvimentos tecnológicos”. As portas para o desenvolvimento continuam existindo, porém, as nações somente passarão por elas se entenderem que “a fila anda”. Ou seja, o preço é alto para aqueles que ficam parados em um mundo dinâmico. O mesmo se chama exclusão do processo produtivo em termos individuais e marginalização nas relações socioeconômicas entre países. Nesse contexto, em que direção caminha o Brasil?

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