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terça-feira, 13 de maio de 2014

O PROBLEMA CENTRAL: A POLÍTICA FISCAL (Final)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
15/05/2014


Dentre os motivos que levam a um urgente ajuste fiscal encontram-se as desonerações que o governo deu a alguns setores produtivos nacionais, visando manter a economia aquecida. Tais desonerações superam a R$ 80 bilhões e foram mal feitas, pois não tiveram, como contrapartida, a redução do gasto público. O grande erro oficial foi diagnosticar que a desaceleração econômica era fruto basicamente da crise externa, quando fundamentalmente a mesma é de fundo estrutural da própria economia brasileira. A crise externa apenas potencializou o problema interno! Com isso, a renúncia fiscal, feita no atual governo, só piorou a situação do país, porque piorou a política fiscal, desorganizou a política macroeconômica, aumentou o risco-país, sem ter um impacto sobre o crescimento econômico. Assim, a renúncia fiscal deixa uma conta bilionária para 2015, com muito poucos benefícios. O resultado de tudo isso será um ajuste fiscal imenso e dolorido socialmente, onde a elevação dos juros será a tônica, com uma redução da renda real. Na esteira disso haverá piora no desemprego. O tamanho do choque vai depender de como o ajuste será feito em 2015. O que é uma certeza se encontra no fato de que “sem mudanças na base da política fiscal, o país não vai alcançar um crescimento sustentável”. O modelo a ser adotado, então, passa pela redução nos custos do Estado, chegando às políticas tidas como direitos incontestáveis pelos brasileiros. Esse é o tamanho do estrago que se fez na economia brasileira nos últimos tempos. A questão vai além dos prejuízos causados pela corrupção e a má gestão pública. Ela atinge inclusive os programas de transferência de renda, como bolsa família e minha casa minha vida, e também a previdência. Por sua vez, há muitos programas sociais (abono salarial, seguro-desemprego....) que pouco impacto causam na redução da pobreza nacional, porém, provocam um enorme gasto público. Nesse sentido, o Brasil terá que construir uma política salarial que leve em conta a produtividade do trabalho, pois não há como continuar a aumentar a despesa com uma economia que cresce metade do que crescia nos 10 anos anteriores ao atual governo. Enfim, não é possível continuar a gastar 1/3 da elevada carga tributária (36% do PIB) para pagar aposentadorias e pensões, sendo que boa parte nem está sendo pago para pessoas de fato idosas. Portanto, torna-se urgente que o país faça poupança nos próximos 10 anos, através de reformas estruturais profundas. Afinal, não há setor na economia que agüenta sustentar poupança baixa para que as pessoas se aposentem mais cedo e se pratique todos os benefícios sociais criados. Se os brasileiros optarem por assim continuar, somente sobreviverá o setor que tiver altíssima vantagem comparativa, o que não é o caso da maioria, a começar pela nossa indústria. (cf. Conjuntura Econômica, FGV, abril/2014) 

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