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quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O RETORNO DOS ACORDOS DE LIVRE-COMÉRCIO (I)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
22/08/2013

Na esteira da crise econômica mundial, um sinal de que, aos poucos, os países desenvolvidos estariam iniciando um processo de saída da mesma, embora lenta e difícil, nos chega das diferentes intenções de se retomar os acordos de livre-comércio. É sabido que em épocas de crise a tendência dos países é se fecharem economicamente, imaginando que tal medida evita um contágio maior. Ledo engano! Em época de crise há necessidade de se ampliar a produção e as exportações, especialmente junto a países que carecem de um mercado interno importante. Assim, desenvolver acordos comerciais multilaterais seria uma estratégia positiva, embora necessite de cuidados no que diz respeito ao que será negociado. Nesse momento, dois grandes acordos estariam em construção, além dos acordos regionais tipo o bloco do Pacífico construído por alguns países latino-americanos recentemente. Trata-se do excepcional acordo entre EUA e União Europeia de um lado, e da retomada das negociações entre o Mercosul e a União Europeia. No primeiro caso, as negociações começam e devem durar alguns anos, pois os temas são espinhosos (regulação financeira; proteção de dados privados; produtos geneticamente modificados; carne bovina produzida a base de hormônios nos EUA e bloqueada na Europa; a produção audiovisual, a agricultura em geral, os serviços públicos  etc...). Mas o início do processo de negociação já foi dado. Ora, a aproximação comercial entre as duas principais economias mundiais, que representam juntas 40% do comércio internacional e mais da metade da produção mundial, poderá modificar definitivamente a realidade dos países emergentes, com os mesmos perdendo espaço no cenário global. Especialmente em relação à China, país que vem crescendo e assumindo relevância econômica e comercial a ponto de assustar aos dois grandes que agora buscam tal união comercial. Mas é certo que os respingos irão sobrar para o Brasil, que titubeia na condução do Mercosul e na própria estratégia de abrir comércio. Somos um país ainda muito fechado economicamente, com o comércio internacional representando apenas 20,9% do PIB em 2012, quando o mínimo para ser considerada uma economia aberta seria de 30%. Aliás, em nossa história nunca alcançamos os 30% na relação corrente comercial (exportações + importações) e PIB. Na próxima coluna daremos sequência ao assunto.


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