Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
22/08/2013
Na esteira da crise econômica mundial,
um sinal de que, aos poucos, os países desenvolvidos estariam iniciando um
processo de saída da mesma, embora lenta e difícil, nos chega das diferentes
intenções de se retomar os acordos de livre-comércio. É sabido que em épocas de
crise a tendência dos países é se fecharem economicamente, imaginando que tal
medida evita um contágio maior. Ledo engano! Em época de crise há necessidade
de se ampliar a produção e as exportações, especialmente junto a países que carecem
de um mercado interno importante. Assim, desenvolver acordos comerciais
multilaterais seria uma estratégia positiva, embora necessite de cuidados no que
diz respeito ao que será negociado. Nesse momento, dois grandes acordos
estariam em construção, além dos acordos regionais tipo o bloco do Pacífico
construído por alguns países latino-americanos recentemente. Trata-se do
excepcional acordo entre EUA e União Europeia de um lado, e da retomada das
negociações entre o Mercosul e a União Europeia. No primeiro caso, as
negociações começam e devem durar alguns anos, pois os temas são espinhosos
(regulação financeira; proteção de dados privados; produtos geneticamente
modificados; carne bovina produzida a base de hormônios nos EUA e bloqueada na
Europa; a produção audiovisual, a agricultura em geral, os serviços públicos etc...). Mas o início do processo de
negociação já foi dado. Ora, a aproximação comercial entre as duas principais
economias mundiais, que representam juntas 40% do comércio internacional e mais
da metade da produção mundial, poderá modificar definitivamente a realidade dos
países emergentes, com os mesmos perdendo espaço no cenário global. Especialmente
em relação à China, país que vem crescendo e assumindo relevância econômica e
comercial a ponto de assustar aos dois grandes que agora buscam tal união
comercial. Mas é certo que os respingos irão sobrar para o Brasil, que titubeia
na condução do Mercosul e na própria estratégia de abrir comércio. Somos um
país ainda muito fechado economicamente, com o comércio internacional representando
apenas 20,9% do PIB em 2012, quando o mínimo para ser considerada uma economia
aberta seria de 30%. Aliás, em nossa história nunca alcançamos os 30% na
relação corrente comercial (exportações + importações) e PIB. Na próxima coluna
daremos sequência ao assunto.