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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
18/08/2013

BALANÇA COMERCIAL PATINA APESAR DO CÂMBIO
Ao alcançar R$ 2,35 por dólar nesta semana de agosto, a moeda brasileira registra, desde meados de maio deste ano (em três meses, portanto) uma desvalorização de 17,5%. A mesma já ultrapassou os limites da normalidade a se julgar correta a análise do FMI de que o Real, a partir da média de 2012 (R$ 1,96) deveria se desvalorizar entre 10% a 15% para alcançar a paridade de poder de compra normal. Ou seja, nestas condições a moeda brasileira deveria oscilar entre R$ 2,15 e R$ 2,25 para ficar em sua normalidade perante o dólar dos EUA. Obviamente, o mercado, receoso com a condução da economia brasileira, não entende desta maneira e vem especulando fortemente contra o Real, testando os limites de atuação de nosso Banco Central quanto a sua capacidade de controlar o câmbio via a venda de dólares oriundos das reservas. Todavia, em um determinado momento um ajuste terá que ser feito. Nem que para isso o governo se veja obrigado a acelerar o aumento da taxa Selic, buscando não só controlar a pressão inflacionária mas igualmente atrair mais dólares ao país para estabilizar o câmbio. Enquanto isso não ocorre, os efeitos de uma desvalorização cambial acima do normal se fazem sentir. A partir deste mês de agosto os preços dos produtos importados e daqueles que possuem componentes importados deverão iniciar um processo de alta, pressionando a inflação nacional. Em não havendo maquiagens oficiais sobre os números, os futuros índices inflacionários poderão ser mais elevados do que o esperado, devendo comprometer o objetivo mínimo de, pelo menos, fechar 2013 com uma inflação oficial menor do que os 5,8% do ano passado. Por outro lado, como é do conhecimento geral, uma desvalorização cambial desta envergadura favorece o setor exportador, pois o mesmo ganha mais reais para cada dólar vendido no exterior. Isso explica, por exemplo, a nova performance dos preços da soja no momento.

BALANÇA COMERCIAL PATINA APESAR DO CÂMBIO (II)

Nesta semana, a média da soja no balcão gaúcho ficou em R$ 59,10/saco. Ora, se o câmbio tivesse permanecido em R$ 2,00 por dólar, como estava até meados de maio, o saco de soja hoje, considerando as demais variáveis, como cotações em Chicago e prêmio no porto, não passaria de R$ 50,00. Assim, seria de se esperar uma recuperação no comportamento da balança comercial brasileira como um todo, já que com esse câmbio as exportações estão estimuladas e as importações menos interessantes. Mas não é isso que se observa. É claro que devemos dar um desconto ao fato de que são apenas três meses de moeda desvalorizada, fato que não permite um repasse total aos exportadores. Mesmo assim, o resultado de nossa balança comercial é decepcionante. Até o dia 11/08 o saldo comercial brasileiro era negativo de US$ 4,4 bilhões, contra US$ 11,5 bilhões positivos no mesmo período de 2012. Ora, a média cambial deste ano é muito melhor do que o R$ 1,96 do ano passado. Portanto, nossa péssima performance comercial não está exatamente ligada ao câmbio e sim a fatores como a baixa competitividade de nossos produtos. Nesta cadência, será de comemorar se fecharmos o ano com um saldo zero, o que obviamente irá comprometer o resultado da já deficitária balança de transações correntes. Dito de outra forma, a forte desvalorização do Real ainda não trouxe efeitos positivos para o comércio exterior brasileiro e provavelmente não o trará, pelo menos neste ano. Afinal, até meados de agosto as exportações ainda registravam um recuo de 2,77% sobre igual período do ano passado, enquanto as importações aumentaram em 8,8% na mesma oportunidade. Diante deste quadro externo e com o mercado interno reduzindo seu ímpeto, é compreensível que o setor produtivo brasileiro enfrente enormes dificuldades e passe, paulatinamente, a desempregar apesar das medidas de apoio oficiais.

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