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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

MUDANÇA DE RUMO



Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
04/12/2014

Confirmando as projeções feitas, o segundo mandato da presidente Dilma deverá ser de aperto de cinto na economia em geral e nos gastos públicos em particular. Pressionada pelo resultado das eleições e, particularmente, pelos péssimos números da economia neste final de 2014, a presidente opta pelo lógico. Assim, a troika econômica que se apresentou ao Brasil no final de novembro (Ministro da Fazenda, Ministro do Planejamento e Presidente do Banco Central) já deu o tom do que virá. Em primeiro lugar, se cristalizou o fracasso da política desenvolvimentista posta em prática nos últimos cinco anos. Em segundo lugar, o que está sendo anunciado é praticamente o programa do candidato derrotado nas últimas eleições presidenciais, desdizendo o discurso eleitoral de quem acabou se elegendo. Em terceiro lugar, volta-se à velha política monetarista para colocar a economia nos trilhos e dar ao Brasil um horizonte de real crescimento econômico. Em quarto lugar, o centro das ações será recuperar o tripé de sustentação da estabilidade. Para tanto, anuncia-se um superávit primário de 1,2% do PIB para 2015, após o déficit primário que se desenha em 2014. Portanto, haverá cortes nos gastos públicos, inclusive em rubricas como o abono salarial, seguro desemprego e previdência. Ao mesmo tempo, se aumentará impostos para buscar mais arrecadação pública (o retorno da CIDE, conhecida como imposto do combustível, entra nesse contexto), enquanto não se terá mais apoio ao consumo via redução de IPI e outros artifícios. Ao mesmo tempo, o governo irá trabalhar para trazer a inflação para o centro da meta (4,5% ao ano, pelo IPCA), fato que somente será possível, no curto prazo, com novos aumentos dos juros. Assim, não deve ser surpresa se a Selic terminar o corrente ano entre 11,5% e 11,75%. Para o final de 2015 a mesma deverá chegar entre 12,5% e 13,5%, podendo alçar vôo para 14% nos dois anos seguintes. Enfim, o câmbio deverá flutuar mais, com menor ação do Banco Central brasileiro neste mercado. Espera-se que o encaminhamento das medidas acima segure a moeda nacional entre R$ 2,50 e R$ 2,60 até o final de 2015. Por outro lado, não deverá mais haver maquiagem dos dados oficiais, fato que permite esperar que o mercado internacional não baixe mais a nota de crédito brasileira no próximo ano, o que seria o complemento do desastre da política econômica levada à cabo nos últimos anos. Como resultado disso tudo, a economia ainda crescerá muito pouco em 2015 (1% na projeção otimista), o emprego ficará mais comprometido, porém, o país poderá iniciar um novo processo de recuperação econômica sem hipotecar as principais políticas sociais. Espera-se, agora, que não haja retrocessos neste encaminhamento, mesmo sabendo-se que, no imediato, como sempre ocorre nesses casos, caberá à sociedade brasileira pagar a conta. O remédio será amargo, porém, tem boas chances de ser eficaz.

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