Prof. Dr. Argemiro
Luís Brum
27/11/2014
O
quadro da economia brasileira é dantesco e vai de mal a pior na medida em que
nos aproximamos do final de 2014. Senão bastasse o roubo da Petrobrás e outros
tantos escândalos, tem-se ainda a estimativa de um PIB de apenas 0,2% de
crescimento no final do ano e de uma inflação oficial acima do teto da meta
(6,5%). Mas o pior pode ser visto nas contas públicas, as quais indicam um 2015
ainda mais difícil para os brasileiros. Nesse contexto, estamos diante,
portanto, do pior governo que o Brasil já teve nos últimos 20 anos. Enquanto a
receita pública, nos 10 primeiros meses do ano, registrou um crescimento de
apenas 0,45%, após projeção inicial de 3,5%, os gastos públicos continuaram
subindo. O governo federal desonerou de impostos os brasileiros em R$ 100 bilhões
neste ano, sem nenhum resultado prático no crescimento da economia. Esse rombo
irá pesar sobre as contas públicas em 2015, obrigando finalmente a um arrocho
estatal. Isso levou o governo a abandonar a meta do superávit primário (1,9% do
PIB), pois o mesmo, se houver, será mínimo neste ano (R$ 10,1 bilhões ou 0,2%
do PIB). Por sua vez, a balança de transações correntes deverá gerar um déficit
superior a US$ 80 bilhões, o maior desde 1947, quando se começou a calcular
esse indicador. Enquanto isso, os investimentos externos diretos, com os quais
o governo contava para conter tal déficit, deverão ficar em apenas US $ 55 bilhões,
contra uma projeção inicial de US$ 63 bilhões. Para piorar o quadro nacional, o
déficit da Previdência Social em 2014 deverá chegar a R$ 49,2 bilhões. Essa
incompetência na gestão pública e econômica federal leva a uma forte
desvalorização do Real, pressionando para cima a inflação já elevada. A moeda
nacional se desvalorizou 40% nos quatro anos do governo Dilma, voltando a
valores apenas vistos em 2005. Para tentar conter o problema, o Banco Central,
desde agosto de 2013, emitiu US$ 105 bilhões em swaps cambiais, ou seja,
comprometeu 28% das reservas nacionais. E quando a presidente Dilma parece ter
acordado para a realidade e, buscando corrigir o rumo, caminha para indicar um
economista mais liberal para o Ministério da Fazenda, os caciques retrógrados
de sua base eleitoral tentam boicotar a escolha, pois suspeitam que as benesses
públicas destes últimos 12 anos irão diminuir. Para eles, a Nação brasileira ainda
pode agüentar esse fardo não havendo necessidade de reformas estruturais.
Afinal, a mesma o avalizou pela maioria dos que foram às urnas em outubro
passado.