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quinta-feira, 23 de outubro de 2014

PREÇOS DA SOJA MANTÊM TENDÊNCIA DE RECUO

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
CEEMA/DACEC/UNIJUI
28/10/2014


Diante de um cenário de aumento na produção mundial de soja, as cotações da oleaginosa na Bolsa de Cereais de Chicago e no mercado interno brasileiro recuaram fortemente a partir de junho. A produção dos EUA, que vem sendo colhida neste mês de outubro, deverá finalizar entre 106 e 110 milhões de toneladas, contra 91,4 milhões no ano anterior. Um aumento entre 16% a 20%! Com isso, os estoques finais estadunidenses, para 2014/15, após chegarem a tão somente 2,5 milhões de toneladas em 2013/14, deverão se multiplicar por quase cinco vezes, para atingir a 12,3 milhões de toneladas no final do corrente ano comercial. Paralelamente, a produção projetada para a América do Sul, na próxima colheita de verão, indica um volume de 164 milhões de toneladas, um novo recorde histórico. Assim, a produção mundial de soja para 2014/15 está projetada, hoje, em 311,2 milhões de toneladas ou 26,2 milhões acima do registrado no ano anterior. Já os estoques finais mundiais saltam para 90,7 milhões de toneladas, após 66,5 milhões em 2013/14. Por sua vez, as importações mundiais de soja em grão, concentradas em 66% do total na China, crescerão apenas 3,6 milhões de toneladas neste ano comercial (cf. USDA). Soma-se a isso o fato de que o dólar se encontra mais valorizado no cenário mundial, assim como a crise internacional se estabelece menos intensa junto ao mundo desenvolvido, e o quadro está montado para uma queda de preços a níveis que não eram vistos há quase cinco anos. O bushel (27,21 quilos) em Chicago, entre junho/14 e o início de outubro/14 recuou de US$ 15,00 para pouco mais de US$ 9,00, se recuperando um pouco posteriormente ao se fixar ao redor de US$ 9,60 no final de outubro. Nesta mesma época de 2013 e 2012, o bushel valia US$ 13,10 e US$ 15,70 respectivamente. Diante deste cenário, os preços do saco de soja no balcão gaúcho, após atingirem a média estadual de R$ 66,60 em meados de março/14, recuaram para R$ 52,00 no final de setembro. Ou seja, em pouco mais de seis meses a queda foi de R$ 14,60/saco. Neste final de outubro/14 a média se estabelece em R$ 53,00 graças a uma desvalorização do Real (a moeda nacional passou de R$ 2,20 para R$ 2,45 em termos médios entre junho e outubro de 2014). A título de comparação, no final de outubro de 2013 e 2012 o saco de soja no balcão gaúcho valia R$ 65,79 e R$ 65,03 respectivamente. Nesse contexto, e contrariamente ao que alguns sugerem, o potencial de recuo em reais no valor do saco de soja no Rio Grande do Sul ainda é significativo. Nas condições atuais de Chicago, para maio/15, com um câmbio oscilando entre R$ 2,25 e R$ 2,50 até lá, em caso de safra normal, o produtor gaúcho corre o risco de receber no balcão entre R$ 39,00 e R$ 46,00/saco no momento da colheita. Se isso se confirmar, as perdas em relação a média obtida na colheita de 2013/14 poderá chegar entre R$ 17,00 e R$ 24,00/saco, ou seja, entre 27% a 38%. Soma-se a isso o aumento ao redor de 20% no custo de produção e temos a explicação para o aperto de liquidez que o país em geral e os gaúchos em particular terão com a safra de soja de 2014/15, com fortes reflexos sobre toda a já combalida economia nacional.    

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