Prof. Dr. Argemiro
Luís Brum
23/10/2014
O
que será que o novo governo brasileiro precisa fazer para tentar corrigir o
atual cenário desolador de nossa economia? Para que o Brasil volte a crescer a
taxas de pelo menos 4% ao ano (esse seria o ritmo necessário para o país dobrar
a renda per capita em 20 anos), na política monetária trazer a economia para o
centro da meta. Na política cambial, o Banco Central terá que abandonar a
política de controle constante do câmbio e adotar de fato o sistema de
flutuação suja (intervenções esporádicas e pontuais). Na política de combate à
inflação, voltar ao sistema de metas de inflação que não use o controle de
preços, que nunca deu certo. Na política fiscal (será a parte mais difícil do
ajuste), é preciso aumentar o investimento em infraestrutura e aumentar a taxa
de poupança. A primeira está em 17% do PIB e a segunda em 12%. Ambas
precisariam chegar a pelo menos 25% do PIB. Ora, aumentar a poupança da
economia implica uma redução do déficit nominal e aumento do superávit
primário. O aumento da poupança nacional contribui para o crescimento e ajuda a
resolver o problema crônico da apreciação da nossa taxa cambial. Já o aumento
do investimento em infraestrutura exige uma diminuição dos gastos de consumo do
governo, preservando os gastos com os programas sociais (Bolsa Família
etc....). Ou seja, como já foi dito em outras oportunidades, a aceleração do
crescimento do Brasil depende de ações que estimulem o investimento em capital
físico e humano. Assim, quem for eleito terá que fazer isso no seu primeiro ano
de governo, aproveitando-se do apoio social das eleições, mesmo que muitos
votem desejando o contrário disso (cf. Conjuntura Econômica, FGV, agosto/14).
Ou seja, as reformas são urgentes e o
governo eleito terá que fazê-las. Para tanto, dois problemas precisam ser
superados: a capacidade de o governo eleito realizá-las com sucesso; a
sociedade estar preparada para assumi-las. Em caso positivo, a realização do
dever de casa, reestruturando a economia e o papel do Estado na própria
economia, se gerará as condições para alcançarmos um novo e melhor patamar de
crescimento e, posteriormente, de desenvolvimento. Em caso negativo,
continuaremos como está, sem nada fazer de reformas, nos iludindo que
melhoramos de patamar quando na verdade estamos construindo uma artificialidade
sem sustentabilidade, fato que nos perpetua no subdesenvolvimento.