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quarta-feira, 2 de julho de 2014

MUITO ALÉM DO VOTO

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
03/07/2014

Vai ser preciso muito trabalho para tirar o país do marasmo econômico em que foi colocado nos últimos anos. A política de apostar no consumo interno para gerar crescimento econômico, que havia dado resultado em 2010, se esgotou nos quatro anos seguintes, apesar de o governo insistir com o apoio ao consumo. É nesse contexto, aliás, que entra a nova prorrogação de IPI reduzido para automóveis e móveis. Sempre mais do mesmo, sem resultados práticos. Ora, a economia não cresce mais porque no exterior a crise ainda se mantém presente e, aqui dentro, tal crise se mostra cada dia mais forte. No seu bojo o consumo interno se depara com um endividamento que atinge 62,5% das famílias brasileiras, sendo que 20% destas estão inadimplentes. Além disso, os brasileiros endividados comprometiam, em junho, 30,3% de sua renda média com as dívidas. Paralelamente, a alta dos juros, com tendência a continuar, encarece ainda mais as compras, enquanto os preços não cedem. A inflação oficial deverá superar o teto da meta (6,5%) nestes próximos dois meses (junho e julho), enquanto a inflação real, especialmente junto aos alimentos, está entre 10% e 15% ao ano. Para piorar o quadro, a geração de empregos em maio foi a pior para o mês em 22 anos, consolidando uma tendência que vem desde 2012. Ao mesmo tempo o desemprego começa a se consolidar em diferentes setores, particularmente na área industrial. Nesse contexto, chama atenção a falta de medidas estruturais para dar uma nova dinâmica à economia nacional nestes últimos quatro anos. A inércia oficial, em cima de uma política desenvolvimentista que não tinha espaço para se consolidar pela falta de infraestrutura para suportá-la, foi assustadora neste governo. Junto a isso se soma o erro estratégico de penalizar setores importantes da economia, como o de combustíveis e de energia, forçando os mesmos a manter preços mais baixos do que seus custos. O comprometimento destes setores leva agora a fortes ajustes de preços, os quais irão bater em cheio na inflação, obrigando a novas elevações de juros, as quais aumentam o freio sobre o crescimento da economia, gerando um círculo vicioso sem solução imediata. No caso da energia elétrica, por exemplo, após os reajustes entre 20% e 30% neste ano, os mesmos deverão continuar ocorrendo em 2015. Aliás, segundo analistas especializados do setor elétrico brasileiro, os aumentos pesados da energia elétrica no Brasil deverão ocorrer até 2018, pelo menos. Ou seja, o estágio atual de nossa economia, no contexto de um cenário mundial ainda moroso, exige que os brasileiros compreendam que não bastará apenas votar em outubro próximo para se ter mudanças substanciais. Será preciso muito trabalho de todos, acompanhado de forte fiscalização sobre as ações do futuro governo eleito, para voltarmos a colocar a economia nacional nos trilhos do crescimento econômico, sem comprometer a estabilização da mesma que, no momento, dá sinais de fraqueza diante da má gestão pública que temos tido.


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