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quinta-feira, 3 de julho de 2014

BRASIL MOSTRA A TUA CARA

Guilherme Gadonski de Lima[1]
Argemiro Luís Brum[2]

Desde meados de 2013 a população brasileira manifesta sua insatisfação. Para tal surgem os argumentos de superfaturamento de obras, em especial os estádios de futebol. A população questiona os altos gastos com a Copa do Mundo enquanto os serviços são de qualidade ruim. Neste contexto, ela clama para que inúmeros serviços públicos sejam ofertados com a qualidade que foi destinada para a construção dos estádios do Mundial de Futebol. Na verdade há uma brutal insatisfação da população com os rumos que este país vem tomando. Especialmente na área econômica e nos serviços sociais. No entanto, como diria Frédéric Bastiat, entre um bom e um mau economista existe uma diferença: um se detém no efeito que se vê; o outro leva em conta tanto o efeito que se vê quanto aqueles que se devem prever.
O que se vê é um Estado ineficiente, que pouco preza pelo correto e pelo bem estar de sua população, enquanto o que não se vê, é que o governo que administra este Estado foi eleito pela mesma população que hoje vai às ruas declarar sua insatisfação. Como afirmava Joseph De Maistre, cada povo tem os governantes que merece. Um povo populista, que preza por medidas imediatistas e pouco sustentáveis, como é o caso do crescimento brasileiro pautado em alto nível de consumo e baixos investimentos, acaba por perpetuar no poder um governo que perde a substância econômica e muito advoga em defesa do social. Ora, para o social avançar de forma sustentável necessário se faz uma economia bem administrada. Todavia, o Brasil apresenta atualmente uma combinação desastrosa de baixo crescimento e crescente inflação, fuga de capital externo, o que desvaloriza o real (contribuindo para a alta da inflação), além de um recrudescimento do desemprego. Se por um lado houve ganho real de salários, por outro lado a produtividade do trabalho dos brasileiros esteve longe de acompanhar tal ganho, alimentando o processo de desemprego que agora ganha novamente força. Como afirma Milton Friedman, em economia não há almoço grátis. Portanto, a preocupação que devemos ter é quanto aos efeitos negativos de tal política econômica, os quais muito em breve, se nada for feito, afetarão gravemente a economia brasileira, deixando uma tarefa bastante ingrata às gerações futuras. Está ocorrendo uma inversão da lógica econômica neste país, pois a atual geração desfruta muito e poupa pouco, deixando a conta para as gerações futuras pagarem. No contexto mundial de hoje, isso é insustentável. Especialmente de 2011 para cá tal insustentabilidade se mostra a cada dia mais evidente. Resta esperar, para reverter tal quadro, que a sociedade brasileira mostre sua cara e parta para os ajustes necessários a partir das eleições de outubro próximo.



[1] Graduando em Ciências Econômicas pela Unijuí, bolsista PET/Economia.
[2] Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador,
pesquisador e analista de mercado da CEEMA. 

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