Guilherme Gadonski de Lima[1]
Argemiro Luís Brum[2]
Desde
meados de 2013 a população brasileira manifesta sua insatisfação. Para tal
surgem os argumentos de superfaturamento de obras, em especial os estádios de
futebol. A população questiona os altos gastos com a Copa do Mundo enquanto os serviços
são de qualidade ruim. Neste contexto, ela clama para que inúmeros serviços públicos
sejam ofertados com a qualidade que foi destinada para a construção dos
estádios do Mundial de Futebol. Na verdade há uma brutal insatisfação da
população com os rumos que este país vem tomando. Especialmente na área
econômica e nos serviços sociais. No entanto, como diria Frédéric Bastiat,
entre um bom e um mau economista existe uma diferença: um se detém no efeito
que se vê; o outro leva em conta tanto o efeito que se vê quanto aqueles que se
devem prever.
O
que se vê é um Estado ineficiente, que pouco preza pelo correto e pelo bem
estar de sua população, enquanto o que não se vê, é que o governo que
administra este Estado foi eleito pela mesma população que hoje vai às ruas
declarar sua insatisfação. Como afirmava Joseph De Maistre, cada povo tem os governantes que merece. Um
povo populista, que preza por medidas imediatistas e pouco sustentáveis, como é
o caso do crescimento brasileiro pautado em alto nível de consumo e baixos
investimentos, acaba por perpetuar no poder um governo que perde a substância
econômica e muito advoga em defesa do social. Ora, para o social avançar de
forma sustentável necessário se faz uma economia bem administrada. Todavia, o
Brasil apresenta atualmente uma combinação desastrosa de baixo crescimento e
crescente inflação, fuga de capital externo, o que desvaloriza o real
(contribuindo para a alta da inflação), além de um recrudescimento do
desemprego. Se por um lado houve ganho real de salários, por outro lado a
produtividade do trabalho dos brasileiros esteve longe de acompanhar tal ganho,
alimentando o processo de desemprego que agora ganha novamente força. Como
afirma Milton Friedman, em economia não há almoço grátis. Portanto, a
preocupação que devemos ter é quanto aos efeitos negativos de tal política
econômica, os quais muito em breve, se nada for feito, afetarão gravemente a
economia brasileira, deixando uma tarefa bastante ingrata às gerações futuras.
Está ocorrendo uma inversão da lógica econômica neste país, pois a atual geração
desfruta muito e poupa pouco, deixando a conta para as gerações futuras pagarem.
No contexto mundial de hoje, isso é insustentável. Especialmente de 2011 para
cá tal insustentabilidade se mostra a cada dia mais evidente. Resta esperar,
para reverter tal quadro, que a sociedade brasileira mostre sua cara e parta
para os ajustes necessários a partir das eleições de outubro próximo.