Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
CEEMA/DACEC/UNIJUI
Junho de 2014
Nesse momento, todos os fatores de
mercado indicam para preços baixos quando da colheita da nova safra gaúcha de
trigo. Em primeiro lugar, temos uma forte queda nas cotações do cereal em
Chicago. O bushel iniciou a segunda quinzena de junho valendo US$ 5,81, sendo o
mais baixo nível desde a primeira semana de fevereiro. Além disso, no início de
maio o bushel chegou a atingir US$ 7,31. Em segundo lugar, o Paraná aumentou
sua área de trigo em 32% e espera colher, em clima normal, cerca de 4 milhões
de toneladas. Por sua vez, o Rio Grande do Sul indica um aumento de quase 9% em
sua área com trigo, fato que levaria a produção gaúcha para 2,8 milhões de
toneladas pelo menos. Em terceiro lugar, a Argentina e o Paraguai aumentam
igualmente suas áreas com o cereal. Somente a Argentina indica um milhão a mais
de hectares semeados. Isso, em clima normal, deverá permitir ao vizinho país
alcançar um volume de 13 milhões de toneladas, ou seja, quatro milhões acima do
colhido neste último ano. Em quarto lugar, existem ainda cerca de 800.000
toneladas de trigo estocadas no Rio Grande do Sul, oriundas da safra passada e
com dificuldades de escoamento. Enfim, os moinhos brasileiros continuam
importando trigo, sendo que a maioria está com elevados estoques nesse momento.
No acumulado do ano 2013/14 (agosto/13 a maio/14) o
volume total importado chega a 5,77 milhões de toneladas, sendo 3,34 milhões
dos EUA, 965.148 toneladas da Argentina, 898.530 toneladas do Uruguai, 335.171
toneladas do Canadá, 134.251 toneladas do Paraguai e 43 toneladas de outras
origens. Nesse contexto, o saco de trigo ao produtor gaúcho, que fechou
a primeira quinzena de junho, em plena entressafra, valendo apenas R$ 32,27 na
média, pode ser negociado, no final do ano, abaixo de R$ 30,00. Vale lembrar
que o preço mínimo, para a nova safra, foi reajustado em apenas 5%, ficando o
trigo Classe pão tipo 1 em R$ 33,45/saco. Todavia, cerca de metade da produção
gaúcha não alcançaria qualidade para esse nível de preço. Assim, para reverter
tal tendência baixista seria preciso uma frustração de safra na América do Sul;
ou uma recuperação em Chicago; ou ainda uma desvalorização do Real que torne as
importações mais caras. Sem isso, a nova safra gaúcha irá depender novamente
dos leilões de PEP do governo federal para, pelo menos, garantir o preço mínimo
na safra 2014/15.