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quinta-feira, 19 de junho de 2014

TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
21/06/2014

ARGENTINA: CRISE SEM FIM (I)
Desde 2001, quando se viu obrigada a deixar de lado o câmbio fixo (um peso igual a um dólar), a economia da Argentina não conseguiu mais se organizar, entrando em um novo período de desestabilização. Diferentemente do Brasil que, impelido pelo mercado a ingressar no sistema de câmbio flutuante soube administrar a transição, o vizinho país não conseguiu reorganizar sua economia. Pelo contrário, conduzido por governos populistas (a era Kirchner), o país viu sua economia afundar. O calote em grande parte de sua dívida externa, realizado pelo então presidente Néstor Kirchner, apenas piorou o problema. Afinal, calote de dívida nunca foi a solução para ninguém, particularmente junto a países que não possuem poupança própria e dependem, para tocarem suas economias, de recursos externos. Agora, a Argentina vive um novo capítulo de sua crise infindável. Um novo calote da dívida externa se avizinha. O governo local acaba de anunciar que não poderá pagar a próxima parcela de sua dívida, que já havia sido reestruturada após o calote anterior. Na época, o calote total era iminente sobre cerca de US$ 100 bilhões que era o total do endividamento. O governo local ofereceu pagamento da dívida, porém, com descontos de 70%. Preocupados em nada receber, cerca de 90% dos credores acabaram aceitando a proposta e passaram a receber o saldo em parcelas. Todavia, 10% dos credores não aceitaram a proposta e recorreram a tribunais internacionais. Pois desde 2012 a Justiça dos EUA deu ganho de causa aos credores (fundos especulativos locais acionaram a justiça), obrigando a Argentina a pagar US$ 1,33 bilhão aos fundos credores. A Suprema Corte dos EUA acaba de manter a condenação, derrubando uma medida cautelar imposta pela Argentina. Ora, o governo argentino anuncia que não tem recursos para pagar esse valor, ameaçando iniciar um novo calote a partir do dia 30 de junho, data em que vence o prazo para o pagamento.

ARGENTINA: CRISE SEM FIM (II)

As consequências desta péssima gestão pública, a qual o povo argentino reconduziu inadvertidamente nas últimas eleições, são muitas. Na área externa, o país perde ainda mais o crédito. A agência de classificação de risco Standard & Poor`s, ainda no dia 17 de junho, reduziu a nota de crédito do país, fixando-a agora em CCC-, podendo ocorrer novos rebaixamentos. Por esta classificação, a nota argentina coloca a dívida do país (e o próprio país) em alto risco de inadimplência e baixo interesse. Na área interna, a economia se esfacela, com falta de produtos, alta inflação, maquiagem de dados econômicos por parte do governo, aumento da pobreza, desemprego e impostos nas exportações para impedir que o país fique desabastecido. Paralelamente, busca barrar a entrada de diferentes produtos importados, particularmente os brasileiros, mesmo que isso custe mais caro à população. A ideia é proteger o que resta da industrialização do país e seus empregos. E pensar que a Argentina foi uma das grandes potências econômicas mundiais no início do século XX. A lição que fica é a de que facilmente as más gestões públicas, eivadas de demagogia, ideologias radicais e populismo, facilmente desmontam uma economia e a colocam por terra, forçando gerações inteiras a pagarem a conta via um atraso econômico enorme e um desenvolvimento impossível de alcançar. Quando alertamos que o atual governo brasileiro vem “argentinizando” a economia nacional, estamos indicando que as decisões aqui tomadas tomam o mesmo caminho dos vizinhos. É preciso alterar o rumo, através de ajustes estruturais profundos, que recoloquem o Brasil no caminho de um crescimento adequado. Para tanto, as eleições são um passo, porém, as mesmas não podem se resumir nelas mesmas. A população precisa participar mais profundamente da vida do país, fiscalizando mais efetivamente o que seus gestores fazem com o dinheiro público, sem se deixar enganar por discursos utópicos e ufanistas, sem base na realidade político-econômica existente no país. Que o triste exemplo do vizinho Argentina nos sirva de exemplo antes que seja tarde!

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