PROF.
DR. ARGEMIRO LUÍS BRUM (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
A colheita de trigo no Brasil está
indicando que o volume final brasileiro deverá ficar entre 4,5 e 4,8 milhões de
toneladas, após uma expectativa inicial que chegou a bater em 5,8 milhões de
toneladas. A frustração de 50% no Paraná e algumas perdas, que podem ainda se
acentuar, no Rio Grande do Sul (os dois Estados perfazem mais de 90% da safra
nacional) está na origem de tal recuo. Ou seja, a oferta nacional continuará
apertada, exigindo importações, para 2013/14, entre 7 e 8 milhões de toneladas.
Soma-se a isso o fato de que a Argentina e o Paraguai igualmente registram
perdas. No caso argentino, de uma safra inicial esperada entre 13 e 15 milhões
de toneladas, tem-se agora que a mesma possa ficar apenas entre 10 e 11 milhões
de toneladas. Nesse contexto, os três países do Mercosul que fornecem trigo ao Brasil (Argentina,
Paraguai e Uruguai) deverão produzir um total de 12 a 13 milhões de toneladas. O
saldo exportável destes países cai agora para apenas 4,5 milhões de toneladas
contra 5,1 milhões no ano anterior. Ou seja, 50% de recuo em relação a projeção
inicial de 9 milhões de toneladas de saldo exportável. Essa realidade mantém os
preços do trigo ainda elevados no Rio Grande do Sul. O preço de balcão, por
exemplo, fechou a semana passada na média de R$ 40,71/saco, enquanto os lotes
oscilam entre R$ 42,00 e R$ 45,00/saco para novembro. Tais preços estão 25% acima
dos registrados no mesmo período do ano passado, quando a safra local foi
extremamente frustrada em volume e qualidade. Todavia, a pressão da colheita tende
a levar os mesmos a um recuo. Assim, salvo se houver compras expressivas de
trigo gaúcho pelos demais Estados brasileiros neste ano, o balizador final dos
preços continuará sendo a importação, agora favorecida pela revalorização do
Real ao redor de R$ 2,18 por dólar. Isso pode nos obrigar a vendermos o trigo gaúcho
no exterior novamente, com o agravante de que, desta vez, não haverá apoio dos
leilões oficiais de PEP. Ora, a paridade atual FOB Rio Grande para exportação
indica hoje um valor, para o produto de qualidade superior, de R$ 36,30/saco nas
regiões produtoras gaúchas. É um preço ainda melhor do que os da safra passada,
porém, bem menor do que os existentes até o momento.