:)

Pesquisar

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

REALIDADE OU ILUSÃO?

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
31/10/2013


Muitos que nos leem gostariam de receber notícias positivas sobre a nossa economia. Infelizmente, da forma como ela vem sendo administrada, no contexto de uma crise econômico/financeira que continua, o máximo que podemos dizer, no momento, é que nossa realidade poderia ser pior. Graças ao tamanho do Brasil, a pujança de nosso agronegócio, auxiliado por safras positivas muitas vezes, e a manutenção do tripé de sustentação da estabilidade (meta inflacionária, câmbio flutuante e superávit primário) o país consegue ainda tirar avançar. Todavia, o que temos conseguido já não é suficiente e a realidade, camuflada por ações imediatistas nestes últimos três anos, nos chega de forma dura. Nesse sentido, confirmando nossos alertas, estudo divulgado pelo FMI neste final de outubro indica que a expansão potencial do país caiu agora para apenas 3,5% ao ano. Expansão potencial é um conceito que significa o ritmo de expansão do PIB em seu limite máximo, sem gerar pressões inflacionárias ou outros distúrbios. Ou seja, nosso limite de crescimento, sem gerar inflação destruidora, é 3,5% ao ano. Ora, a nossa realidade exige hoje um crescimento anual entre 6% a 7% de forma contínua. Algo impossível na atual estrutura produtiva nacional! Além disso, mesmo para alcançarmos metade desse crescimento o estudo aponta aquilo que todos sabem e que o país está longe de fazê-lo suficientemente: estimular investimentos em infraestrutura, melhorando a produtividade e a competitividade. E mais: o estudo aponta ainda que o governo não pode mais continuar “a fazer de conta que está cumprindo a meta fiscal” através de artifícios contábeis (maquiagem ou manipulação de dados). O superávit primário adequado seria de 3,1% e não o 1,96% que deveremos alcançar em 2013. Assim, o fraco crescimento econômico projetado entre 2% e 2,5% para este ano deverá se perpetuar. Para 2014 o mercado já aponta para tão somente 2,2%, o que seria o mais baixo PIB entre todos os países emergentes do mundo. A urgência de ajustes profundos (reformas estruturais) em nossa economia e no funcionamento do Estado brasileiro é tão evidente que, na falta dos mesmos, o estudo do FMI indica que mesmo os fazendo parcialmente daqui em diante nossa expansão econômica, entre 2015 e 2019 ficaria em 3,4% e entre 2020 e 2030 na média de 3% ao ano. Qualquer coisa acima disso será motivo de pressão inflacionária que pioraria o quadro logo adiante. Aliás, vimos isso recentemente, após as medidas tomadas em 2010, quando nosso PIB cresceu 7,5% sem nenhuma base estrutural que permitisse ao país sustentá-lo. Tanto é verdade que o recuo em nosso crescimento se estabeleceu desde 2011 e agora tende a estagnar nos níveis indicados, se nada for feito, por pelo menos mais uma década e meia. Essa é a realidade! E realidade se enfrenta com ações que a transformem em caminhos mais positivos para a sociedade e não gerando notícias otimistas que nos iludam temporariamente e não se sustentem na prática.

Postagens Anteriores