Prof. Dr. Argemiro Luís
Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
09/06//2013
UMA BOA NOTÍCIA
Em
meio ao temporal de más notícias que a economia brasileira tem nos brindado nos
últimos tempos, surge uma informação que merece ser saudada. A Formação Bruta
de Capital Fixo cresceu 3% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao
último trimestre de 2012, e 4,6% sobre o primeiro trimestre de 2012. Embora
ainda esteja negativa em 2,8% no acumulado de 12 meses encerrado em fins de
março, pode estar aí um sinal de que, talvez, a economia nacional já tenha
atingido o fundo do poço. Todavia, é preciso esperar mais tempo para se ter uma
certeza, já que tal comportamento pode não passar de um soluço. Para quem não é
da área, esta Formação de Capital representa o “conjunto de processos pelos
quais uma economia poupa recursos, que de outra maneira serviriam ao consumo
improdutivo, e os transforma em
capital. A repetição dos ciclos produtivos seria impossível
se toda produção fosse consumida.” Assim, para um país avançar, “parte da
produção anual deve ser destinada à renovação do capital depreciado e, mais
ainda, à ampliação da capacidade produtiva.” (cf. Sandroni) Ligado a isso está
o desempenho de nossa produção industrial, que em abril melhorou ao registrar
um avanço de 1,8%, fato que manteve em 1,6% o seu crescimento acumulado durante
2013. Tais números superaram as estimativas do mercado e oferecem um alento
para o futuro, embora ainda se tenha um longo caminho a percorrer para que os
números possam ser saudados como sustentáveis e adequados às nossas
necessidades. Tanto é verdade que no acumulado de 12 meses, encerrado em fins
de abril, a produção industrial brasileira ainda é negativa de 1,1%. Todavia,
melhorou em relação ao registrado nos acumulados anuais de janeiro (-2%), de
fevereiro (-1,9%) e de março (-2%). A questão agora é ver como esse
comportamento será nos meses futuros na medida em que o modelo oficial, de
apoio ao consumo, está mudando para, finalmente, o apoio aos investimentos.
Talvez as correções de rumo necessárias, numa visão de longo prazo, interrompam
o processo no curto prazo. Mas será o preço a pagar pelos excessos anteriores.
UMA BOA NOTÍCIA (II)
Dito
isso, a produção industrial brasileira, tomando-se a performance do primeiro
trimestre deste ano, que também já havia sido de 1,6% de crescimento, é vista
como apenas moderada pelos organismos internacionais. Afinal, outras economias
emergentes, com exceção do México (1,1%), nos superaram na performance
industrial nesse início de 2013.
A Índia atingiu a 2,5%, a Indonésia a 4,5%, a Turquia a
4% e a China 9,7%. Segundo a ONU, o grupo de países emergentes no mundo
registrou um crescimento médio de 6,8% em sua produção industrial no período.
Ou seja, ainda estamos longe e precisamos avançar muito mais. Para tanto, será
preciso reduzir a inflação interna; baixar os custos de produção, a começar
pelo peso do Estado; aumentar a produtividade, pela melhor capacitação dos
trabalhadores; diminuir a burocracia; melhorar a infraestrutura nacional;
enfrentar melhor a competição dos produtos importados que aqui chegam mais
baratos etc. Enfim, nem tudo são flores no cenário industrial que se desenha.
Além de o consumo interno ter perdido o fôlego, as exportações ainda serão
difíceis, pois o cenário mundial pouco melhora. Tanto é verdade que o
crescimento industrial global, no primeiro trimestre deste ano, ficou em apenas
1,7%, com perspectiva de recuperação ainda muito frágil, particularmente devido
à continuidade da recessão na Europa.